Da Redação 31/07/2002 – Os preços pagos pela soja no Brasil atingiram novo recorde ontem, com a elevação das cotações futuras na bolsa de Chicago e a desvalorização do real diante do dólar. No Porto de Paranaguá, a saca era negociada a R$ 37, ante R$ 36,20 na segunda-feira, de acordo com a Agência Rural.
Em outras regiões do país também houve aumento, de até R$ 1 sobre a média verificada no dia anterior. Em Rondonópolis (MT), a saca chegou a ser vendida a R$ 31,70; em Lucas do Rio Verde (MT), subiu de R$ 29,10 no início do dia para R$ 29,60. Já no sul do Mato Grosso do Sul o produtor obtinha R$ 32,20 livres por saca, segundo a Granos Corretora.
A expressiva elevação dos preços animou o produtor a vender.
“Negociamos no dia o equivalente a toda a semana passada”, afirma Carlos D`Ávalo, da Granos. Os negócios nos dias anteriores foram escassos devido às quedas de preços futuros em Chicago, em três pregões seguidos, e à instabilidade do câmbio. “O mercado ficou sem referência e foi difícil aproximar as ofertas do produtor e do comprador”, diz Fernando Muraro, da Agência Rural.
A diminuição dos estoques torna o produtor ainda mais seletivo nos negócios, observa Anderson Galvão, da MPrado Consultoria. De acordo com levantamento da empresa, apenas 16% da safra brasileira ainda se encontra nas mãos dos produtores – percentual semelhante ao registrado nos últimos anos. O volume a ser vendido ainda chega a 24% da safra no Sul do país, mas não passa de 10% no Centro-Oeste e de 7% na região Nordeste.
A valorização dos preços em Chicago atingiu ontem 12 centavos (2,3%) no contrato para setembro, que fechou a US$ 5,315 por bushel. A principal razão para a alta foi o relatório de situação das lavouras americanas divulgado após o pregão da segunda-feira, com condições piores do que previa o mercado. As áreas “boas e excelentes” ficaram em 45%, dois pontos acima do último relatório mas abaixo dos 49% esperados depois que chuvas caíram sobre regiões produtoras. O percentual “ruim e muito ruim” permaneceu em 22%.
O mercado já espera uma revisão para baixo da produtividade projetada pelo USDA para a safra, de 44,5 para 43 sacas por hectare. Se confirmada a queda, a produção americana cairia das 78 milhões de toneladas estimadas atualmente para 76 milhões.