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Softwares ajudam a controlar gastos

Produtor pode encolher em até 20% o custo de produção com o controle periódico da ração e com a ajuda de programas específicos.

Redação SI 21/08/2002 – Para ganhar mais com os suínos que produz, o produtor deve estar sempre de olho no custo de produção. Em momentos de crise, como o atual, o controle de alguns itens do custo é a única arma que dispõe o suinocultor para tentar livrar-se do prejuízo. De acordo com cálculos do pesquisador Ademir Francisco Girotto, da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia, é possível reduzir em até 20% o gasto para produzir um suíno somente cuidando bem da ração, item responsável por 77,79% do custo de produção da atividade.Analisar o custo de produção periodicamente é um procedimento que vem sendo adotado por um número cada vez maior de produtores. A Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS) incentiva os produtores a trabalharem sempre com o custo de produção para terem uma noção exata da situação da suinocultura. “Conhecer o custo de produção é essencial tanto nos bons quanto nos maus momentos”, garante o presidente da associação, Paulo Tramontini. Quem não conhece o custo não entende, por exemplo, porque o suinocultor tem sempre dificuldade para fazer novos investimentos.A Embrapa Suínos e Aves calcula o custo de produção da suinocultura desde 1891 e tem feito revisões no modelo de cálculo para manter a metodologia atualizada à realidade da atividade. Essa busca pelo custo real do suíno tem dado credibilidade e aceitação ao modelo da empresa. O custo da atividade é dividido entre aquilo que o agricultor desembolsa de imediato e o que ele deveria guardar para manter-se na atividade. Entre os custos de desembolso mensal estão a alimentação, gastos veterinários, energia, mão-de-obra e transporte. A metodologia da Embrapa relaciona ainda a depreciação das instalações, juros sobre reprodutores e juros sobre capital de giro.O fato de parte dos custos não ser desembolsada de imediato explica o fato da suinocultura catarinense continuar sobrevivendo, apesar do custo de produção ser superior ao valor pago pela agroindústria. Colabora ainda para a manutenção dos produtores na atividade a transferência de receita do milho para a suinocultura, nas propriedades que produzem o grão.Integração – Hoje, dentro do sistema de integração, que envolve 85% dos produtores catarinenses, o quilo do suíno vivo vale R$ 1,12. Com a tipificação de carcaça, o valor por quilo pula para R$ 1,20, em média. Só que o custo de produção, aplicando-se por completo a metodologia da Embrapa para um produtor que produz 18 leitões por porca/ano, chega a R$ 1,32.A alimentação responde por R$ 1,03 do total do custo de produção medido pela Embrapa. “É neste item que o produtor deve atuar com rigor. E, felizmente, este é o item que mais está nas mãos do produtor”, afirma Girotto. A primeira recomendação é que o produtor sempre forme estoques de milho entre fevereiro e abril, época em que historicamente os preços estão mais baixos. Como esta sugestão não pode ser usada neste momento, o esforço do suinocultor deve se voltar para a forma como a ração é preparada e armazenada na propriedade.Uma das condições básicas é a construção de um depósito adequado, que evita perdas de grãos e da ração pronta. “Caso o grão ou ração esteja estocado de qualquer maneira, o produtor terá ratos e passarinhos como sócios indesejáveis”, alerta Girotto. Imprescindível também cuidar do manejo da ração. Ela tem que ser preparada de maneira correta, já que cada idade do animal exige um tipo ração. Ajudam também a reduzir o consumo de alimentos a qualidade genética dos animais e a qualidade das instalações. Animais estressados consomem mais e engordam menos.Quando se compara um produtor que tem todos esses itens ajustados com outro que não se preocupa com nenhum deles, a diferença no custo de produção pode chegar aos 20%. “Essas recomendações podem fazer a diferença entre os que conseguirão superar a crise e os que poderão sucumbir diante das dificuldades atuais”, avisa Girotto. Outra possibilidade ao alcance do produtor é substituir parcialmente o milho por produtos alternativos, como o trigo, sorgo e até mesmo a mandioca.Há ainda produtores que estão partindo para uma solução mais radical para enfrentar a crise. É o caso de Valmir Gasperin, de Concórdia, que pretende alterar o seu sistema de produção. Ele hoje recebe leitões com mais de 30 kg, termina de engordá-los e os repassa à agroindústria. “É mais vantajoso produzir o próprio leitão. Já enxuguei tudo o que foi possível e mesmo assim os resultados não são bons”, garante o produtor. Gasperin vai adotar o ciclo completo com a esperança de superar a crise apostando na ousadia.Softwares – Além da assistência técnica oferecida pelas agroindústrias e órgãos de extensão do governo do Estado, o produtor pode se socorrer da informática para conhecer melhor o custo de produção da suinocultura. Existem no mercado vários softwares que calculam o quanto custa produzir um suíno e que fornecem informações sobre qual item da produção deve ser alterado para que os resultados melhorem.Um dos softwares mais acessíveis é o Atepros (Sistema de Acompanhamento Técnico e Econômico de Propriedades Suinícolas), desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves e vendido por de R$ 200,00 (pedidos podem ser feitos pelo telefone (0xx49-4428555). Com o programa, o produtor tem condições de acompanhar os resultados econômicos e de produção do rebanho. Outra vantagem é que basta inserir os dados para que o programa faça todos os cálculos e mostre a margem de lucro ou perda.O uso dos softwares específicos para a suinocultura não revelam nenhuma informação desconhecida do produtor. Porém, garantem uma melhor organização da propriedade, um dos pontos fundamentais para enfrentar a crise atual. Ajudam também na localização de problemas. Com todos os dados econômicos e técnicos na mão, fica muito mais fácil para o produtor perceber o que está dando errado.