Até que as companhias exportadoras se manifestem oficialmente, o cenário ficou complicado para os embarques à Rússia. E os frigoríficos devem ser os primeiros a sentirem o golpe.
As empresas de navegação anunciam reavaliação de rotas e os bancos do país têm dificuldades de enviarem remessas ao exterior – mesmo com o sistema Swift ainda operante para eles.
“Para tudo, todos estão reavaliando e até os importadores russos não devem saber o que fazer”, informa Daniel Freire, presidente do Sindicarne do Pará, uma das origens de embarques de carne bovina para o país.
No Sul, importante líder setorial da cadeia de suínos e frangos, que pede reserva do seu nome e até do estado que representa, também já foi notificado das mesmas condições.
Com o agravante, segundo ele, de que “receber dos russos sempre foi um problema”, somando agora com as “dificuldades operacionais reais”, aumenta o risco de calote.
Além do que estaria por vir, há a questão dos produtos que já estão a caminho. Embora haja um sinal dos importadores na maioria dos casos, lembra Freire, em até 40% pré-embarque, o restante a receber fica em suspenso.
Em carne suína, a Rússia importou apenas 9 mil toneladas em 2021 (até 2017 era o maior comprador), mas abriu uma cota de 100 mil/t até junho.
Em relação a bovinos, os embarques vinham crescendo, sendo o terceiro principal destino em janeiro, depois de muito tempo de embargo sobre algumas plantas pela acusação de uso de hormônios, nunca provada.