A Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest) entregou, nessa segunda-feira (05/12), 83 certificados a organizações ou conglomerados empresariais paranaenses como parte do programa Selo Clima Paraná. Na 8ª edição, ele teve recorde de participantes neste ano, o que demonstra que os conceitos da agenda verde estão cada vez mais presentes na sociedade. Entre as contempladas estão as cooperativas: Castrolanda, Agrária, Central Sicredi PR/SP/RJ e Frísia.
O Selo Clima reconhece as empresas que decidem, voluntariamente, medir, divulgar e reduzir a sua pegada de carbono para combater as mudanças climáticas. É uma das estratégias do Paraná para continuar a ser reconhecido nacionalmente pelo Ranking de Competitividade entre os Estados como mais sustentável do Brasil.
As 83 organizações e conglomerados empresariais representam 236 unidades em 76 municípios paranaenses, ou seja, algumas organizações receberam certificados por mais de uma sede. A rede ligada à agroindústria equivale a 111 unidades produtivas, entre cooperativas agroindústrias, frigoríficos, abatedouros, fábricas de rações e florestas comerciais.
O Estado do Paraná registrou redução de 39 mil toneladas na emissão de CO2 em 2021, o equivalente a 13.500 mil hectares ou 13 mil campos de futebol, segundo estimativas da Sedest. O número representa uma queda de 44% em comparação com 2020.
“Temos tido essa preocupação de chamar a atenção de todos para esse reconhecimento, que se traduz em mais ações ambientais”, disse Everton Souza, secretário do Desenvolvimento Sustentável e Turismo. “Os contemplados devem levar aos demais dirigentes a disposição para a manutenção dessa parceria. O Paraná precisa muito dessa ação coordenada pela promoção da sustentabilidade”.
Segundo o diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto, das 83 participantes, quatro auditaram e comprovaram a redução de 39 mil toneladas de CO2. “A iniciativa privada, o setor industrial e agropecuário de maneira geral, não é inimigo da conservação. Pelo contrário. Precisamos cada vez mais comprovar isso”, disse.
A edição deste ano do Selo Clima Paraná teve alterações na sua metodologia. Ela foi desenvolvida com base nos seguintes compromissos firmados pelo Governo do Estado: Agenda 2030 da ONU e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável; as campanhas Race to Zero e Race to Resilience; e a Declaração de Endimburgo; além da busca pelo fortalecimento da implementação de práticas associadas à ESG (ambiental, social e governança, na tradução do termo em inglês).
Diante desse contexto, foram emitidos selos nas modalidades “mercado interno” e “mercado externo”, cada um com as categorias A, B, C e D. A classificação foi medida com base nos formatos das informações declaradas pelos participantes. As de mercado interno relataram boas práticas e as de mercado externo inventariaram suas emissões.
Para os participantes, o certificado garante visibilidade de boas práticas ligadas à sustentabilidade. Aos que exportam seus produtos ao mercado externo, o certificado paranaense é uma comprovação da redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE), reconhecido internacionalmente.
O diretor-presidente do Instituto Água e Terra (IAT), José Volnei Bisognin, lembrou que para atender aos critérios ambientais cada vez mais necessários e exigentes foram feitas diversas alterações em portarias e resoluções nos últimos anos, o que redobra o compromisso das empresas com a preservação.
“Nesses últimos quatro anos revisamos e mudamos as normativas de praticamente todos os empreendimentos, conversando principalmente com aqueles que sabem fazer as coisas, que são os empresários e hoje notamos uma mudança no relacionamento entre o Estado e essas instituições. Tudo o que fazemos é para que o ser humano conviva harmoniosamente com a natureza”, disse.
Representando os certificados na categoria A do mercado externo, Luisa Cristina Tischer Nastari, que atua na área de governança e sustentabilidade da Copel, contemplada nessa edição, relatou que é uma grande satisfação receber o reconhecimento referente ao compromisso ESG.
“A Copel tem 94% da sua energia gerada de forma renovável e temos como meta até 2030 ter na nossa matriz 100% renovável. Quando nos falaram que o Selo Clima Paraná ia ter uma mudança na metodologia, ficamos felizes por poder demonstrar essa nova dinâmica ao mercado externo, principalmente na questão da mitigação das mudanças climáticas”, disse.
Wladimir Lopes, representante da empresa Leclair Indústria e Comércio de Perfumes e Cométicos LTDA., discursou em nome dos certificados pela categoria C do mercado interno. Ele ressaltou que a empresa atua como terceirista de comésticos na industrialização de boa parte das marcas de cosméticos do Brasil.
“A nossa empresa tem muitos desafios com relação à sustentabilidade e uma delas é com essa questão da pegada de carbono. Com esse reconhecimento, o Governo do Estado nos dá oportunidade de dar transparência para nossos resultados e compromissos com a sustentabilidade”, afirmou.
Segundo a representante da Sanepar, Priscila Marchini Burnetta, da categoria A do mercado interno, trabalhar em prol das iniciativas ESG tem feito a diferença para mensurar os impactos das mudanças climáticas sobre o planejamento da empresa. “Já faz mais de um ano que temos um Comitê próprio para debater essas questões. Passamos por uma crise hídrica recentemente e hoje enfrentamos enchentes e inundações, que também impactam no tratamento de água, o que demonstra que temos que estar adaptados e trabalhando em conjunto para minimizar os riscos”, afirmou.
Neste ano o Selo Clima também contou com prêmios entregues à prefeitura de Maringá, prefeitura de Curitiba, através do Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), e Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Elas receberam classificação A, de mercado interno.
O Tribunal Regional Eleitoral se tornou o primeiro órgão judiciário inserido no Selo Clima Paraná. Representando o órgão, o juiz José Rodrigo Sade disse que o Tribunal defende essa pauta há anos. “É um prêmio que consagra as empresas do setor público e privado porque não há futuro sem essa pauta”, destacou.
Para o prefeito de Maringá, Ulisses Maia, as prefeituras devem fazer a sua parte nessa área, além de cobrar e exigir o mesmo das empresas instaladas no seu território. “As companhias já adotaram, na sua maioria, políticas de boas práticas e de ESG. Elas só vão conseguir concorrer no mercado internacional se comprovadamente aplicarem essas práticas. O poder público precisa acompanhar essa tendência”, disse.