O combate a desinformação e disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news, são uma das prioridades do Conselho Científico Agro Sustentável.
Recentemente, enquanto o Congresso tentava modernizar a lei de defensivos que estava em pauta há mais de 20 anos, foi feita uma afirmação por parte da ONG Greenpeace atacando o agro dizendo que o Brasil ‘come veneno’. Através de uma charge, em que uma criança que assiste à Copa do Mundo pergunta à mãe se é verdade que nós, brasileiros, comemos veneno enquanto os outros países não, a informação falsa divulgada.
José Otávio Menten, presidente do CCAS, elencou as principais razões que evidenciam a falta de veracidade da informação.
“As pessoas confundem a liderança no mercado com o consumo. O consumo, nós temos que expressar através da quantidade de defensivos que são aplicados por área ou produto colhido. E se levarmos em consideração esses indicadores que são os corretos, o Brasil fica em posição muito abaixo de países como Holanda, França ou Japão, considerados países desenvolvidos. Ou seja, nós usamos aqui bastante aqui porque produzimos muito. Temos um mercado muito grande porque temos uma área grande, fazemos 2 ou 3 safras por ano e somos um país tropical onde as pragas são frequentes, o agricultor só usa quando realmente necessário e com todo o cuidado porque ele não quer onerar seu custo de produção”, detalhou Menten.
Ele, que também é professor da Esalq/USP, explicou os próprios órgãos do Brasil, tanto o Ministério da Agricultura tem programa nacional de controle de resíduos, como a Anvisa também tem um programa de análise demonstrado nos últimos anos que a quantidade de resíduos é ínfima aqui no Brasil. É praticamente irrelevante.
As pessoas também confundem o consumidor, porque o relatório elaborado pela Anvisa, que é um programa chamado PARA (Programa de Análise de Resíduos em Alimentos), chama de inconformidade quando temos resíduos de produtos em culturas que não se tem produto registrado para ela.
“O PL que queremos que seja aprovado vai ajudar a regularizar, aumentar o número de registros, que é uma questão unicamente legal, para essas culturas menores que são, de maneira inadequada, relatadas como inconformidade, mas não por excesso de produto, é que a simples presença já caracteriza o uso impróprio, porque são as minor crops (pequenas culturas), com culturas com suporte fitossanitário insuficiente”, explicou o professor.
Para o presidente do Conselho algumas vezes a disseminação de informações falsas é a falta de conhecimento e por isso a importância de se buscar opiniões baseadas em cunho científico.
“Eu acho que as pessoas que realmente conhecem o assunto têm menos chance de se expor nos meios de comunicação do que determinadas ONGs ou influencers digitais, por isso a fake news está se propagando. A razão pode ser ideológica, mas pode ser também por falta de conhecimento ou até mesmo interesse econômico”, disse Menten.
Ele levantou ainda uma importante questão: essas fake news prejudicam não só o povo do país que fica alienado, como também a relação do Brasil com a exportação, o que traz reflexos negativos para todos na cadeia.
“Porque toda vez que prejudica a imagem do agro brasileiro no exterior, e o Brasil é a grande potência agrícola e ambiental, estamos alimentando quase 1 bi de pessoas no mundo inteiro, existem interesses de países que são nossos competidores e gostariam de implementar barreira não tarifária, como a de imagem irreal de que nossos alimentos podem estar contaminados com defensivos agrícolas. Existe esse controle no Brasil, os supermercados fazem levantamento sistemático da qualidade dos alimentos e todos esses países que importam nossos alimentos também fazem, eles não estariam comprando se tivesse prejuízo na sua qualidade”, finalizou.