O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, participou de audiência pública na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (02/03), sobre a cadeia produtiva de frango de corte na Região Metropolitana de Curitiba. A audiência revelou as alternativas de trabalho encontradas por 247 produtores locais que sofreram calotes de empresas integradoras.
Os produtores fizeram investimentos para atender as exigências das empresas e ficaram com dívidas em bancos. Muitos deles partiram para outros caminhos, graças ao apoio do Governo do Estado, por meio da Emater e Secretaria da Agricultura. Atualmente, plantam produtos com demanda alta no mercado como mandioquinha salsa, pimentões coloridos, pepino japônes, morangos, ervas medicinais.
A última empresa a não pagar foi o frigorífico Diplomata, em 2012. O presidente da Câmara de Vereadores de Mandirituba e técnico da Emater, Silvio Galvão, estima que a dívida no banco é de aproximadamente R$ 800 mil.
O secretário Norberto Ortigara disse que desde esse período, sensibilizado pelo drama dos pequenos avicultores, tentou atrair um novo investimento industrial para a região, que acabou não se concretizando. Ortigara e o presidente da Emater, Rubens Niederheitamann, adiantaram que estão trabalhando para fomentar a criação de um polo produtor de horticultura (frutas e olerícolas) na Região Metropolitana de Curitiba.
“O projeto ainda está sendo elaborado, queremos criar um polo forte de produção, sem agressão ao meio ambiente, porque a região tem muitos mananciais d’água que abastecem Curitiba. A iniciativa vai garantir muita renda aos produtores”, disse Ortigara.
Por conta desse novo rumo tomado pelos avicultores um polo produtor de morangos e cogumelos está surgindo, principalmente nos municípios de Quitandinha e Mandirituba.
O produtor Ademir Cesar, de Tijucas do Sul, hoje produz morangos. Ele está no segundo ano consecutivo na atividade e quer esquecer o período de humilhações que sofreu com a empresa integradora quando criava frangos. “Eu trabalhei com contrato de gaveta, com capital próprio, sem ter certeza de nada”, disse. “Agora só espero que a empresa pague pelo meu prejuízo”, acrescentou.
Luiz Carlos Chuves tinha um aviário de 2.400 metros quadrados e entregava a produção para o frigorífico Diplomata, o último a dar o calote nos produtores na RMC. Ele ficou com dívidas no banco, vendeu bens para saldá-las e transformou o barracão em local para reciclar serragem, matéria-prima usada na secagem de salsinha, cebolinha e grãos. Chuves agradeceu ao técnico da Emater que o encaminhou para essa nova atividade, que hoje se tornou sua principal renda.