O anúncio de que a Bayer, multinacional alemã do setor químico, fez uma proposta não solicitada de aquisição pela norte-americana Monsanto surpreendeu os investidores da empresa ofertante. Analistas estimam que, se a comprafor confirmada, o negócio superaria os US$ 42 bilhões, equivalente ao valor de mercado da Monsanto. No fechamento de ontem na Bolsa de Frankfurt, as ações da Bayer caíram 8,2%, para 88,51 euros.
A surpresa dos investidores se deu pelo fato de a Bayer ser uma das mais endividadas do setor. Em 2015, a dívida líquida da empresa era de 17,45 bilhões de euros, cerca de US$ 19,60 bilhões na cotação de hoje. O número é mais do que o dobro em relação ao endividamento de 7 bilhões de euros da empresa em 2011.
“Financeiramente, é um passo consideravelmente grande”, avaliou Markus Manns, gestor de fundos no Union Investment, que tem ações da Bayer. “Não tenho certeza de que é um bom movimento”, acrescentou.
Já o analista François Lauras, da agência de classificação de risco Moody’s, aponta que uma eventual aquisição poderia pesar sobre o rating A3 da empresa. Em sua avaliação, a dívida da Bayer pode crescer significativamente após o negócio, ainda que o fluxo de caixa após a operação possa permitir uma redução do endividamento no médio prazo.
Analistas do Bernstein indicam que, para tornar viável a compra, a Bayer teria de levantar cerca de US$ 30,3 bilhões no mercado de ações e contrair outros US$ 16,8 bilhões em empréstimos, além de vender sua divisão de saúde animal para ajudar a financiar a operação.
A confirmação do acordo entre as empresas poderia resultar num negócio de US$ 67 bilhões em vendas anuais, criando a maior companhia de sementes e agrotóxicos do mundo. Além disso, seria a consumação de uma rodada de consolidações verificada no último semestre, que já teve a fusão entre Dow Chemical e DuPont, assim como a compra da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina.