“Só não ter um Arno Augustin por trás do plano já é um grande avanço.” O comentário, do presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), José Carlos Martins, sintetiza o sentimento de alívio do empresariado pela ausência do ex-secretário do Tesouro Nacional na formulação do novo plano de concessões.
No primeiro mandato de Dilma, Arno era apontado pelo setor privado como o principal responsável pelas regras intervencionistas do programa de concessões lançado em 2012. Um exemplo foi o tabelamento da taxa de retorno de investimentos, que atrasou os projetos e inviabilizou a maior parte deles.
“O plano, em sua concepção, é um avanço. A presidente Dilma melhorou muitos aspectos da fase anterior, que tinha regras que dificultavam a viabilização dos projetos”, afirmou Martins.
O lançamento do novo plano de concessões reuniu no Planalto empresários da indústria, de empresas de concessões e dirigentes de entidades da construção.
Não estiveram os donos e os presidentes das maiores empreiteiras do país, como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e OAS. Todas são citadas na Lava Jato e devem disputar os principais leilões, além de participar das obras de rodovias, aeroportos, portos e ferrovias.
Apesar dos elogios, o empresariado considera que agora começa a fase mais crucial do programa.
“O programa é muito bom na sua modelagem, mas temos de superar alguns entraves, ainda não solucionados, como o ambiental e o indígena”, disse o vice-presidente da Abid (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), Ralph Terra.
Martins e Terra lembraram ainda que será preciso decidir com o governo regras sobre a taxa de retorno dos investimentos e as garantias. Com o cenário atual mais adverso, acrescentam, o crédito está mais caro.
Dinheiro estrangeiro
Durante o evento, dirigentes de bancos de investimento disseram que, para financiar o programa, o melhor caminho será buscar investidores estrangeiros e empresas internacionais da área de construção civil.
Segundo eles, o Brasil está barato e há um apetite de investidores por parcela importante dos projetos lançados nesta terça (9), principalmente aeroportos e rodovias.
No caso de ferrovias, empresários e investidores têm dúvidas sobre a viabilidade dos projetos. Principalmente a ferrovia Bioceânica.
O comentário é que o projeto da ferrovia, que seria de interesse dos chineses, deve ser o trem-bala do novo programa. O trem ligando Campinas, SP e Rio não saiu do papel, apesar das apostas de Dilma na execução.