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Conferência coloca em discussão os desafios do agronegócio na América Latina

Debater as possibilidades de integração regional entre os países da América Latina, nas áreas de agronegócio, biocombustíveis e segurança alimentar no continente foram os temas do Fórum sobre Cadeias de Valor Agregado.

Conferência coloca em discussão os desafios do agronegócio na América Latina

Debater as possibilidades de integração regional entre os países da América Latina, nas áreas de agronegócio, biocombustíveis e segurança alimentar no continente foram os temas do Fórum sobre Cadeias de Valor Agregado promovido durante a 26ª Conferência Anual do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), realizada nesta quinta-feira (15/10), no Rio de Janeiro. O evento, que tem como tema central “América Sem Fronteiras”, reuniu, durante dois dias, mais de 200 lideranças políticas e empresariais, além de líderes setoriais de todo o continente para debater os principais problemas da região.

Organizado pelo Ceal, presidido pelo diretor da ABAG, Ingo Plöger, o Fórum teve como moderador o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Na palestra inicial do Fórum, o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ladislau Martin Neto tratou dos maiores desafios da agropecuária em garantir produção de alimentos para os próximos 50 anos.

Ao recordar que o Brasil passou de importador de alimentos, nos anos de 1960, para um dos maiores exportadores de alimentos do mundo atualmente, o diretor da Embrapa também apontou os benefícios que o agronegócio traz para a sociedade. “Em recentes pesquisas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano em vários municípios do interior do país, se constatou que nas regiões onde o agronegócio predomina o IDH municipal registrou elevações superiores a 100%”, lembrou Martin Neto.

O diretor da Embrapa também destacou as possibilidades dos bio-produtos e dos combustíveis alternativos gerados a partir de produtos do agronegócio. Em seguida, Martin Neto lembrou que o avanço conseguido pelo agronegócio nas últimas décadas foi um dos responsáveis pelo expressivo declínio nos preços dos alimentos no país. Pesquisas recentes apontam que, de meados dos anos de 1970, para agora houve uma redução da ordem de 50% no custo da cesta básica de alimentos em função dos ganhos de produtividade conseguidos com as modernas ferramentas utilizadas na produção agrícola do pais.

Após a palestra do diretor da Embrapa, o representa da Fao no Brasil, Alan Bojanic comentou sobre as excelentes condições de produção agrícola da América Latina e do Caribe. “Entendo que é necessário um maior nível de cooperação entre os países integrantes do continente para quebrar a desconfiança existente entre eles, de forma a se ter uma verdadeira integração no continente”, resumiu Bojanic. Na sequência, o empresário Carlos Mata, do grupo Cabicorp ligado ao ramo de bebidas na América Central ressaltou a necessidade de inovação no segmento. Já a representante da Planeta Orgânico, Maria Beatriz Bley, destacou a existência de um importante projeto do Pnud (organismo da ONU) voltado para a importância da biodiversidade na América Latina e Caribe.

Também participou dos debates, Christian Lohbauer, diretor da Abag e executivo da Bayer. Segundo ele, as dificuldades de empresas multinacionais que atuam na área do agronegócio sofrem uma série de entraves em razão da atuação de organismos públicos vinculados à área de fiscalização na área sanitária. “Hoje, a aprovação de uma nova tecnologia ou uma nova fórmula no Brasil, por exemplo, chega a demorar até 10 anos. Assim, o país acaba perdendo alguns ciclos de avanços, por exemplo, nas áreas de defensivos e de novas formulações”, comenta Lohbauer.

Na sequência, o representante do Ministério da Agricultura, Odilon Luiz Silva, informou que, na próxima semana, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, programou uma reunião história que deverá resultar numa proposta para a definição de uma resolução conjunta de ações e procedimentos fitossanitários que poderão valer para todo o continente latino-americano.

O moderador do Fórum, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, entende que a questão da integração da América Latina é um assunto que transita mais na esfera das palavras do que das ações concretas. “Entendo que o debate se situa mais na esfera romântica. Se não avançarmos, principalmente na questão da bioeconomia podemos continuar a ser um exportador de matéria-prima”, comenta Rodrigues. Apesar das condições atuais do mercado brasileiro, Roberto Rodrigues adianta que estão bastante otimistas em relação ao futuro.