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Economia

Unica projeta menor oferta de açúcar e vislumbra safra ainda mais 'alcooleira'

Projeção do setor é de uma produção da commodity 5,23% menor em 2014/15.

Unica projeta menor oferta de açúcar e vislumbra safra ainda mais 'alcooleira'

Até então “indeciso” diante de estimativas que já apontavam queda na produção de açúcar no Brasil, o mercado encontrou ontem alguma segurança para tomar posição. Levantamento divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostrou uma oferta de fato menor para a commodity na safra 2014/15. A entidade, que representa as usinas do Centro-Sul do Brasil, previu que, diante da remuneração mais atrativa do etanol, a produção do biocombustível será mantida, mas a de açúcar recuará 5,23%, para 32,5 milhões de toneladas.

As cotações em Nova York reagiram e tiveram forte alta (ver mais à página B12), mas não se tratou exatamente de uma surpresa, pois esse número já circulava no mercado há pelo menos dois meses – a Copersucar estimou produção de 32 milhões de toneladas na última semana de fevereiro. Mas, segundo especialistas, com a chancela da Unica, o mercado passou a questionar menos as projeções, o que não garante preços nas alturas, mas pelo menos, afasta o risco de irem para baixo.

Na visão da Unica, a seca do primeiro trimestre reduzirá em 2,84%, para 580 milhões de toneladas, a moagem de cana-de-açúcar na safra 2014/15. Esse número já considera o efeito da estiagem e as chuvas que tendem a atrapalhar a colheita em agosto e setembro em decorrência da volta do fenômeno El Niño.

A estimativa, entretanto, não contempla uma área de 170 mil hectares colhida em dezembro passado e que, se não fosse a estiagem, já estaria pronta para ser colhida até o fim deste ano. Dessa área, ainda podem sair de 8 milhões a 10 milhões de toneladas adicionais de cana, segundo o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues. Mas é impossível saber neste momento se as usinas vão optar por colher ou deixar para o ano que vem essa cana, disse ele. “Essa decisão dependerá do rumo do mercado e do clima”, completou.

Em coletiva a jornalistas ontem em São Paulo, Rodrigues sinalizou que, caso aumente a demanda por etanol, as usinas tendem a maximizar ainda mais a produção do biocombustível em detrimento do açúcar. Ele se referia à possibilidade de o governo autorizar o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 25% para 27,5%, o que incrementaria em mais 1 bilhão de litros a demanda pelo biocombustível. Do total de 25,875 bilhões de litros que devem ser produzidos de etanol em 2014/15 no Centro-Sul, segundo a Unica, 11,250 bilhões de litros serão de anidro. “Se a mistura aumentar, mais cana será tirada do açúcar e do etanol hidratado”, estimou Pádua.

Ele lembrou que em 2008/09, o Centro-Sul chegou a destinar apenas 39,7% do caldo da cana para produção de açúcar e 60,3% para etanol. Neste momento, a projeção da Unica é de um mix de 43,56% para açúcar, queda de 1,66 ponto percentual em relação à safra 2013/14. “O mix anunciado pela Unica já veio mais alcooleiro do que o mercado imaginava”, ressalta Gabriel Elias, analista da Pharos Commodities Risk Management.

Mesmo sem alteração na mistura com a gasolina, haverá um avanço da demanda por anidro de cerca de 700 milhões de litros em 2014/15, em função do aumento do mercado de combustíveis no país. “Como a produção do biocombustível crescerá apenas 245 milhões de litros, deve haver uma exportação menor de anidro para atender ao mercado interno”, disse Rodrigues.