A União Brasileira de Avicultura (Ubabef), entidade máxima do setor avícola brasileiro, informa que a alta avicultura brasileira vive hoje uma das piores crises de sua história, devido à disparada dos preços de dois de seus principais insumos, o milho e a soja, e à escassez de crédito para as empresas do setor.
No caso do milho, a severa estiagem que atinge os Estados Unidos provocou uma redução de 98,8 milhões de toneladas na última previsão para a safra 2012/1013 feita pelo United States Department of Agriculture (USDA). A consequência tem sido a disparada dos preços do milho no mercado internacional e também no Brasil, com reflexos graves sobre os custos de produtores avícolas e agroindústrias.
No caso da soja, a estiagem nos EUA está provocando, segundo a última previsão da USDA, uma quebra de 11 milhões de toneladas na safra 2012/2013, volume menor que o do milho, mas também referente a uma produção mundial menor. De qualquer forma, também essa queda de safra da soja norte-americana resultou em disparada dos preços da soja e do farelo de soja no mercado internacional e no Brasil.
Internamente, nos últimos seis meses foram registrados aumentos de 80% nos preços da soja e de 40% nos custos do milho. Juntos, os dois insumos representam mais de 60% do custo total de produção.
O impacto nesses custos já resultam na paralisação da produção em áreas dos principais polos agrícolas, a única saída para os produtores avícolas, que não dispõem de capital de giro.
A escassez de crédito, aliás, é outro drama. Enquanto antes os produtores avícolas tinham até 40 dias de prazo para pagar as aquisições de grãos para a ração destinada às aves, hoje eles precisam pagar à vista ou até mesmo antecipadamente. De forma geral, as instituições financeiras, mesmos as de administração pública, estão retendo crédito e criando barreiras às agroindústrias a fim obterem recursos para compra de insumos.
Os pequenos produtores integrados também já sentem os efeitos da crise. Com a redução ou mesmo a paralisação da produção, muitos estão sem recursos para saldar dívidas de financiamentos, feitas para atender a novas legislações determinadas pelo Governo na estruturação das granjas.
Outro reflexo está sendo o repasse aos preços ao consumidor, que agora estão chegando a níveis recordes. A crise ganha contornos ainda mais dramáticos diante do fato de que a carne de frango tornou-se em 2011 a proteína animal mais consumida pelo brasileiro e importante produto para a segurança alimentar do país, com 47,4 quilos por habitante/ano, superando até mesmo o verificado em países como os Estados Unidos.
Vale ressaltar que estão em jogo mais de 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos, 360 mil somente nos frigoríficos, além de 160 mil famílias de produtores integrados.
Diante dos fatos apresentados, a Ubabef vem a público para solicitar a imediata intervenção do Governo Federal junto às instituições financeiras, devolvendo às agroindústrias e aos produtores o acesso a crédito em bancos oficiais e privados. Este é o momento mais grave de nossa história. Sem o apoio governamental, todos perderão, desde produtores, trabalhadores das linhas de produção e empresários até o consumidor, com a inflação dos alimentos.