A cooperativa Cocari inaugurou ontem nova indústria de aves, em Mandaguari (Norte do Paraná), com o objetivo de elevar seu faturamento anual de R$ 900 milhões (2012) para mais de R$ 1 bilhão. A crise verificada na avicultura não afeta a rentabilidade do projeto no médio ou no longo prazo, disse o vice-presidente da cooperativa, Marcos Antonio Trintinalha.
Antes da implantação do frigorífico de 32,5 mil metros quadrados, foi instalada fábrica de ração e uma rede de aviários. Os investimentos assumidos pela cooperativa somam R$ 115 milhões – 75% desse valor financiados via BRDE e BNDES. A indústria de aves passará a operar aos poucos e deve abater de 60 a 70 mil aves ao dia a partir de janeiro.
Na avaliação de Trintinalha, o momento favorece a inauguração pela proximidade do Natal – quando o consumo de carne de ave aumenta – e da colheita de verão – que promete equilibrar os preços da soja e do milho, ingredientes básico das rações.
“Nosso projeto de agregar valor aos grãos e à ração vem sendo desenvolvido desde 2009. Agora é um bom momento para colocarmos a indústria em operação. As coisas começaram a melhorar para a indústria avícola. Vamos pegar na virada desse processo de crise, com a entrada da soja nova de Mato Grosso”, afirmou. Ele sustenta que o fato de a cooperativa ser autossuficiente na produção de ração para aves conta pontos a seu favor.
Como já vinha encaminhando 35 mil aves ao dia para abate em frigoríficos parceiros (da Frangos Canção), a Cocari descarta a possibilidade de a inauguração de sua indústria provocar excesso de oferta de frango e baixar os preços da carne no Norte do estado. Inicialmente – até conseguir autorização para exportar, o que exige cerca de um ano de operação e adaptações –, o frigorífico atenderá o mercado interno.
A planta, no entanto, foi estruturada para exportação a países de mercados tradicionais como o Oriente Médio. A Cocari tenta garantir a qualidade da carne com aviários automatizados (com equipamentos que controlam luminosidade e suprimento), ração de origem comprovada e abate especializado. Os mil empregados que vão trabalhar no frigorífico passam por qualificação.
Com a ativação do frigorífico, 22 novos aviários devem entrar em operação. A capacidade de produção e abate deverá dobrar nos próximos anos, dependendo das demandas interna e externa. Na segunda fase do projeto, quando a indústria atingirá capacidade máxima, os avicultores integrados deverão alojar perto de 9 milhões de frangos, conforme projeção da Cocari.