“A suinocultura atravessa um dos momentos mais difíceis dos últimos anos, não bastasse o alto custo dos insumos, agora o fechamento do principal mercado comprador está ameaçando a produção. O embargo russo à carne brasileira pode ser a gota d’água para muitos produtores, tem muita gente pensando em até mesmo deixar a atividade.
Alguns produtores dizem que essa é a pior crise que já viram. Citamos propriedade do seu Willians Hendrikx na Lapa, município da região metropolitana de Curitiba, em agosto do ano passado para mostrar o bom momento que vivia a cultura.
Voltamos à mesma propriedade e o tom da conversa é bem diferente. “Eu não vivo estritamente da atividade suína, então por isso que a gente ta agüentando um pouco mais, mas do jeito que a crise está acredito eu que dentro de seis meses, 50% do produtor independente ta fora do mercado”
Willians conta que a crise começou no final de dezembro, os preços dos produtos que comm a ração dos animais subiram, o quilo do suíno não. Cada cabeça tem um custo de R$2,50 e está sendo vendido a cerca de R$1,80/Kg. O suíno não paga nem a ração que come.
“Então essa relação não bate hoje, a conta não fecha e a crise se abate para o setor”. A crise apertou depois que o governo da Rússia anunciou que iria suspender a importação da carne suína brasileira, 45% da exportação do Brasil tem como destino o mercado russo. Aqui no Paraná, o terceiro produtor nacional, as exportações para o país europeu superam os 158 milhões de reais, um prejuízo que os suinocultores aqui do estado não sabem se vão conseguir suportar.
Durante a entrevista o produtor anunciou: vai abandonar a suinocultura. “Eu não vou quebrar ou extrair das outras atividades para pôr dinheiro aqui dentro, continuar pra achar bonito criar suíno. Então, a idéia é acabar ou vender o negócio.”
O técnico agrícola Victor Cionek, um dos trinta funcionários propriedade que lida com suínos, já trabalha preocupado com o futuro que parece inevitável. “A possibilidade é grande. Hoje para o médio e o pequeno ta muito ruim”. “E aí, vai fazer o quê?”.”Fazer o quê? Ai fica complicado mesmo”.
Nas últimas semanas, o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores foi à Brasília, conversou com o ministro da agricultura e deputados tentando achar uma solução para a crise no setor. “A liberação do milho na Conab, a venda a balcão, a renegociação imediata de dívidas de custeio e financiamentos de matrizes”.
Oitenta e nove frigoríficos devem ser afetados pela suspensão da Rússia. Os que colocam a carne na mesa do consumidor esperam, alguns já sem esperança de ver a atividade valorizada.”