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Economia

Relação Brasil-UE

Comércio bilateral Brasil-União Europeia deve atingir US$ 100 bilhões neste ano e bater recorde histórico, diz embaixador Ricardo Neiva Tavares.

Apesar da crise na zona do euro, o comércio bilateral Brasil-União Europeia (UE) vai bater recorde histórico este ano, afirma o embaixador brasileiro junto à UE, Ricardo Neiva Tavares. A expectativa em Bruxelas é de que o comércio bilateral alcance a cifra simbólica de US$ 100 bilhões, representando alta de 25% em relação ao total das exportações e importações entre os dois parceiros no ano passado.

O recorde no comércio bilateral se explica em boa parte pelos preços elevados das commodities, que representam quase dois terços das exportações brasileiras para o mercado europeu, conforme Alfredo Valladão, presidente do ‘board’ da UE-Brasil, entidade que procura reforçar as relações bilaterais. “A Europa está crescendo pouco, mas é um mercado enorme e muito dependente de commodities”, afirma Valladão. “E por outro lado, todo mundo quer entrar no mercado brasileiro, que está bombando”.

Segundo Neiva Tavares, o superávit do Brasil já alcançou US$ 5,6 bilhões até setembro, mais do que os US$ 4,1 bilhões de todo o ano passado. Tudo isso ocorre em meio à crise e apesar das barreiras que os europeus mantêm sobre vários produtos agrícolas brasileiros. Nos corredores do prédio do Conselho da Europa, onde os líderes europeus se reuniam ontem, uma das brochuras mais visíveis é sobre as relações UE-Brasil intitulada “Enfrentar juntos os desafios globais”.

A questão agora é a evolução do comércio bilateral em 2012, em meio ao risco de recessão global. Em setembro, as trocas bilaterais já não tiveram o desempenho de meses anteriores. E a experiência da crise de 2008 sugere precaução. Naquele ano, o comércio bilateral bateu recorde de US$ 82,6 bilhões, declinou com a crise para US$ 63,3 bilhões em 2009 e aumentou para US$ 83,2 bilhões em 2010.

Para analistas, a demanda mundial será fragilizada por três razões, nos próximos trimestres. Primeiro, por políticas fiscais já restritivas que vão ser mais apertadas. Segundo, a demanda do setor privado parece complicada. A queda de 25% no valor das ações desde maio também reprime a tendência de consumo das famílias. E, terceiro, mesmo se a crise do euro se resolva, a produção na região vai continuar em queda em 2012 e 2013. O crescimento na zona do euro é estimado agora em apenas 0,5% em 2012 e 1% em 2013, com queda maior no sul europeu.

Pesquisas mostram baixa confiança dos empresários e apontam para menos investimentos. A recente alta de salários e o fato de a inflação europeia baixar no ano que vem poderiam estimular mais consumo, mas o sentimento entre as famílias é de pessimismo. Com os sinais de que o desemprego está em alta, o consumo deve declinar mais em 2012 e 2013. Por sua vez, os países emergentes não se desacoplam inteiramente das economias desenvolvidas, apesar de perspectivas econômicas mais robustas.