Em artigo divulgado no boletim Informe UBA, o presidente da União Brasileira de Avicultura, Ariel Mendes, faz uma análise dos efeitos causados pela crise internacional na avicultura brasileira em 2009. Acompanhe as informações abaixo.
As primeiras semanas de janeiro são períodos em que, tradicionalmente, o passado e o futuro caminham lado a lado com bastante intensidade. Afinal, este é o momento em que o mercado analisa os resultados registrados no anterior e, ao mesmo tempo, traça as suas projeções e expectativas para o ano vigente. E um assunto em especial tem marcado grande presença na imprensa e nas conversas e reuniões entre os integrantes da cadeia produtiva avícola. Afinal de contas, a crise econômica internacional afetou ou não afetou a avicultura
brasileira?
A resposta é sim. Transposto este período de turbulência, cautela e incertezas, é possível analisar com mais clareza e com mais subsídios o real impacto de todo este passado pouco longínquo, que causou prejuízo para muitos setores da economia.
Mas o grande problema foi no âmbito das finanças. As empresas avícolas trabalharam o ano de 2009 no vermelho. O faturamento com as exportações, conforme recém divulgado pela Abef, caiu 16,33% em relação ao mesmo período do ano anterior, fazendo com que o País perdesse mais de US$ 1 bilhão em receita.
A questão do crédito também foi um outro problema. No ano passado, até obtivemos expansão do limite de crédito, mas o setor não conseguia a liberação dos financiamentos em função de uma cautela desnecessária por parte das instituições bancárias. Para completar, um câmbio desfavorável e preços baixos no mercado interno e externo reduziram de forma considerável o fluxo de caixa do setor.
E enquanto a avicultura sofria com as questões cambiais, outros segmentos se favoreciam desta questão. Assim aconteceu com os supermercados, que compraram ao longo do ano um produto mais barato e não repassaram desconto algum para os consumidores. Em média, a margem de lucro destes estabelecimentos foi de 50% no frango inteiro e de até 100% nos cortes.
Em resumo, esta foi a realidade do setor. Para este ano, as perspectivas são diferentes. Como já retratado neste espaço, o ano eleitoral somado com o reajuste do salário mínimo colocará mais dinheiro na economia e deverá alavancar o consumo e a produção.
Mas além dessa questão, fica também a expectativa de que o Governo possa tomar as ações mais efetivas para incentivar a avicultura. Novamente: facilidade para obtenção de crédito, ajustes no câmbio e desoneração do PIS / COFINS são fortes instrumentos para fazer com que 2010 seja bem diferente.