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Economia

Carne mais cara pressiona inflação

Preços da agropecuária subiram 2,34% na segunda semana do mês, puxados pela carne bovina e também pela cana-de-açúcar.

Puxados pela carne bovina e pela cana de açúcar, os preços dos produtos agropecuários no campo voltaram a se acelerar este mês, dando uma clara indicação de que os alimentos devem continuar pressionando a inflação ao consumidor nas próximas semanas.

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária, calculado pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, aumentou 2,34% na segunda quadrissemana de novembro, após ter perdido o fôlego por quatro semanas seguidas e ter encerrado a primeira quadrissemana deste mês com alta de 1,9%.

Desde a segunda quadrissemana de outubro, o indicador que monitora os preços agropecuários ao produtor vinha desacelerando 1 ponto porcentual, em média, a cada semana. Dos 20 produtos pesquisados, 12 subiram na segunda quadrissemana deste mês. A maior alta ocorreu no preço da carne bovina. A arroba do boi gordo (15 quilos) atingiu R$ 105,32 e subiu 13,7% na segunda quadrissemana deste mês. Os bovinos respondem por 16% do indicador.

Já a cana-de-açúcar, apesar de ter registrado alta de 1,65% na segunda quadrissemana deste mês, como o produto responde por 40% do índice, ele foi o item que isoladamente mais pesou para o aumento da inflação no campo, observa José Sidnei Gonçalves, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e responsável pelo indicador.

Segundo Gonçalves, dois fatores combinados contribuíram para os preços ao produtor voltarem a se acelerar. O primeiro é a valorização das commodities no mercado internacional em razão do aumento da procura por esses produtos e a desvalorização do dólar, que amplia a procura de investidores por outros ativos, Os preços do algodão e da soja, que subiram 4,62% e 6,82%, respectivamente, na segunda quadrissemana deste mês, por exemplo, só deverão se estabilizar a partir de março do ano que vem, com a entrada da próxima safra no mercado.

Demanda. Outro fator apontado pelo pesquisador é o aumento da demanda. Neste caso, ele ressalta a alta de preços da carne bovina e suína (5,6%). “Com o aumento da massa salarial, a população deixa de consumir ovo e vai para as carnes”, diz Gonçalves. De toda forma, ele pondera que, também neste caso, a combinação de seca com a redução do número de animais confinados fez cair a oferta do produto.

“Não vejo a possibilidade de que a alta dos preços dos alimentos seja devolvida mais para frente”, afirma o economista da consultoria Tendências, Bernardo Wjuniski. Ele diz que o nível de preços dos alimentos deve continuar alto, mas esses produtos não irão provocar novas pressões. Para o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), espécie de prévia da IPCA e que será conhecido hoje, o economista projeta alta de 0,75%. O IPCA-15 de outubro foi de 0,62%.

Newton Rosa, economista chefe da Sul América Investimentos, espera que o IPCA-15 deste mês fique em 0,68% e com viés de alta. “A alimentação vai continuar pressionando o indicador, mas o grande destaque deve ser a elevação do preços dos transportes, por causa do etanol, e dos itens de vestuário”, prevê.