Redação (16/03/2009)- Tecnologias são geradas em centros de pesquisa e alavancam a produção agrícola brasileira. E os avanços da pesquisa percorrem caminhos para chegar ao produtor. Na semana passada, a Embrapa Soja promoveu um encontro entre pesquisadores e assistência técnica justamente para disponibilizar o conhecimento à agricultura. O dia de campo abrangeu as tecnologias para o cultivo de soja, trigo, feijão, doenças e pragas, integração lavoura-pecuária e ainda mostrou os cenários climáticos possíveis para este ano.
O dia de campo serviu para o lançamento de cultivares de soja desenvolvidas pela Embrapa e outros materiais disponíveis aos produtores. "Foi importante também para fazer uma revisão do que ocorreu na último safra para se preparar melhor para a próxima safra", descreve Lineu Domit, responsável pela organização do evento.
A Embrapa está lançando duas cultivares de soja – a BRS 283, BRS 284 – materiais precoces que possibilitam maior oportunidade para o milho safrinha. Segundo o pesquisador já existe uma quantidade razoável de sementes desses materiais, o que viabiliza o plantio na próxima safra.
Porém, Domit destaca que o agricultor deve organizar a sua produção e se precaver dos problemas, como as perdas registradas na última safra por causa da estiagem. Segundo ele, alguns produtores tiveram prejuízos porque plantaram variedades super-precoces, super-cedo e as plantas não suportaram a seca. "Não somos contrários às cultivares super-precoces, mas o produtor não deve cultivar a área somente com um material", afirma.
Os participantes do dia de campo tiveram acesso a informações importantes sobre o ano agrícola. Para a safra de inverno, os pesquisadores sugeriram sete cultivares de trigo, todas desenvolvidas pela Embrapa Soja. Entre elas, o pesquisador Manoel Carlos Bassoi cita a BRS 208 e BRS 220 já disponíveis no mercado. "A BRS 220 é a mais plantada no Paraná e a 208 tem como característica a resistência a doenças", afirma. Segundo Bassoi, a ênfase da pesquisa é a busca por materiais com potencial de rendimento e resistência a doenças.
A mais nova recomendação da Embrapa para o trigo são as cultivares BRS Pardela e BRS Tangará, que estão em fase de multiplicação de sementes e estarão disponíveis para esta safra. Além das caraterísticas dos outros materiais, os lançamentos têm boa resistência à ferrugem e boa força de glúten – alta capacidade de expansão da massa na fabricação de pães -, hoje uma exigência do mercado paranaense.
O feijão é comumente usado para diversificar a propriedade ou para a subsistência da família. O pesquisador José Luis Cabrera Diaz, da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiânia (GO), demonstrou 12 variedades de feijão comum, preto e carioca, e o BRS Radiante, um especial tipo exportação.
Segundo Cabrera, o Brasil é o maior consumidor mundial de feijão, apesar de uma drástica queda no consumo nas últimas décadas. O brasileiro, que nos anos 1970 comia 34 quilos do produto ao ano, hoje não consome mais que 14 quilos ao ano. Apesar da redução, o país ainda importa 100 milhões de toneladas do produto, principalmente da Argentina, Bolívia e México.
A pesquisa, segundo Cabrera, possibilita inúmeros ganhos aos produtores. "Os materiais lançados têm elevado a produtividade a uma média de 1.400 quilos por hectare, quando o normal é alcançar de 600 a 800 quilos por hectare", afirma. Ele acrescenta que com o uso de tecnologia o índice pode chegar a 4.900 quilos por hectare.