Redação (19/03/2009) – Depois de enfrentar perdas na safra de soja em sete dos 10 anos de sua história como produtor rural, o agricultor e engenheiro agrônomo Giancarlo Rubin, de Fortaleza dos Valos, finalmente vai concretizar o plano de contar com um sistema de irrigação na propriedade de 180 hectares.
Mesmo em um ano marcado pela crise internacional, o produtor fez as contas e decidiu ir às compras, apostando no aumento da produtividade. Rubin investirá R$ 319 mil em um conjunto de pivôs centrais para irrigar 56 hectares da plantação.
"Agora tenho um seguro, uma garantia da lavoura", comemorou Rubin, depois de acertar detalhes da compra na Expodireto Cotrijal 2009, em Não-Me-Toque.
Investimentos assim movimentam a feira e ajudam a engordar as projeções otimistas das indústrias de equipamentos de irrigação, que preveem para 2009 um crescimento acima da economia brasileira e de outros setores da agricultura – como as máquinas agrícolas, que nos dois primeiros meses do ano registraram queda de 1,8% nas vendas. É o caso da Fockink, que estima uma alta de 20% nos negócios no Brasil, e da Valley, que espera uma expansão de 30% apenas no Rio Grande do Sul.
Semente resistente à estiagem é pesquisada no Estado
Para o diretor-superintendente da Fockink, Siegfried Kwast, o crescimento acima da média, mesmo num ano de crise, reflete uma maior conscientização entre os produtores na busca por esse tipo de tecnologia. O executivo cita o exemplo gaúcho, de produtores que sofreram com o susto da estiagem em dezembro e janeiro e que, capitalizados com preços favoráveis, devem se voltar para a compra de equipamentos para irrigação.
O sistema de Rubin deve ser instalado em junho, garantindo-lhe a possibilidade de melhorar o plantio de verão, quase dobrando a produtividade e espantando o fantasma da estiagem.
"Por isso, daqui a dois anos devo ampliar para 86 hectares", projeta.
O representante da Valley no Estado, Arno Schollmeier, acredita que a combinação entre a seca do final do ano passado com a crise ajudam a alavancar a procura por esses equipamentos. Os produtores deixam de investir em máquinas para ampliar a produção, como colheitadeiras, para garantir a renda no campo.
"Normalmente chegávamos na Expodireto para encaminhar negócios, mas esse ano chegamos com várias vendas fechadas", diz Schollmeier.
A preocupação dos produtores com a seca se estende à área de biotecnologia. Segundo o analista da Embrapa Trigo Paulo Ernani Ferreira, pesquisas para desenvolver variedades de plantas resistentes às estiagens já estão en andamento. Já há sementes menos sensíveis à escassez de chuvas mas, nesse caso, com grande perda na produtividade.
"Vamos demorar uns 25 anos para ter variedades realmente resistentes no mercado", afirma Ferreira.
As vendas de equipamentos para irrigação ajudam a impulsionar a feira, que vai até amanhã.
Segundo o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, a expectativa é repetir os R$ 300 milhões negociados no ano passado.
"Os financiamentos dos bancos cresceram, o que indica que devemos pelos menos repetir os números do ano passado", prevê Mânica.