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Sindirações e Fefana promovem treinamento no Brasil

Intercâmbio entre Sindirações e Fefana qualifica auditores e pode facilitar o ingresso do produto brasileiro no mercado europeu. Para Elsa Peiró, gerente de Assuntos Regulatórios da Fefana, treinamento traz uma vantagem direta para as empresas brasileiras.

Ariovaldo Zanni, diretor-executivo do sindirações

Redação (06/02/2009)- A Europa é o continente que contém as normas mais rígidas para importação de produtos agropecuários. No caso da importação de alimentos para animais não é diferente. A União Europeia possui o Programa de Qualidade para Fornecedores de Aditivos e Premixes (FAMI-QS), que atua basicamente na fiscalização da matéria-prima destinada à ração animal.

 

Com base nele, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), em parceria com a Federação das Indústrias de Aditivos Nutricionais da União Européia (Fefana) promoveu um treinamento, entre nos dias 4 e 5 de fevereiro, em São Paulo (SP), objetivando a qualificação de auditores de empresas certificadoras. O curso foi ministrado por Elsa Vecino Peiró, gerente de Assuntos Regulatórios da Fefana.




De acordo com Ariovaldo Zanni, diretor-executivo do Sindirações, o intercâmbio com a Fefana pode abrir portas para as empresas brasileiras na Europa. “Nossa iniciativa com esta parceria busca a equivalência entre o programa de qualidade brasileiro e o europeu. Desta forma, companhias brasileiras de alimentação animal podem contar com mais este aval para introduzir produtos no continente”, explica.

 

Flávia Ferreira de Castro, coordenadora do curso e Técnica de Qualidade do Sindirações, enfatiza que o intercâmbio entre as duas entidades (Sindirações e Fefana) e o treinamento eram uma demanda antiga do setor.Essa aproximação com o FAMI-QS acontece justamente pela necessidade do programa ser colocado em prática”, diz. Segundo ela, a partir de março, o Sindirações estará autorizado a certificar os auditores do programa.

 

Elsa Vecino Peiró, gerente de Assuntos Regulatórios da Fefana, foi a responsável pelo treinamento

Avicultura Industrial conversou com Elsa Vecino Peiró, que deu mais detalhes deste treinamento e opinou sobre a atual situação dos programas de qualidade brasileiro e europeu. Acompanhe:

 

Avicultura Industrial – A senhora está no Brasil para ministrar um curso voltado à qualificação de auditores de empresas certificadoras…

 

Elsa Peiró – Juntamente com o Sindirações, pensamos neste curso devido à necessidade das empresas buscarem as adequações necessárias para exportar produtos para a Europa. Seguindo as normas do Programa de Qualidade para Fornecedores de Aditivos e Premixes (FAMI-QS), eu quero instruir os auditores brasileiros a ficarem atentos aos aspectos mais particulares das normas europeias.

 

AI – O objetivo é formar os profissionais das agências certificadoras do Brasil para que eles possam auditar todas as empresas que exportam ou pretendem exportar para os países da União Européia. Como isso funcionará na prática?


Peiró Os participantes do curso são auditores dos organismos de certificação. Apesar de conhecerem muito bem os programas de qualidade e segurança aqui no Brasil e no exterior, era preciso eu vir para lapidar este conhecimento. Eu explico que este é um programa voltado à segurança dos produtos europeus e é requisito básico de algumas empresas que adquirem produtos fora da Europa. É necessário que os fornecedores estejam de acordo com as normas locais.

AI – A senhora acredita que esse intercâmbio entre o Sindirações e a Fefana pode facilitar o ingresso do produto brasileiro nos países da União Européia? Por quê?

Peiró – Para nossas empresas associadas na Europa é muito importante que seus fornecedores estejam de acordo com o FAMI-QS. Então, se o fornecedor brasileiro tiver este certificado, não será necessário mais nada. Este intercâmbio pode trazer uma vantagem direta para as empresas brasileiras.

 

AI – A senhora poderia falar sobre as características do FAMI-QS?

Peiró – Este é um programa baseado na qualidade e na segurança dos aditivos e premixes. Não inclui outros ingredientes ou matérias-primas, tornando-o bastante específico. Outra particularidade do programa é que ele é único em toda a Europa. Existem outros programas nacionais, mas o FAMI-QS envolve todo o continente e é aceito pelas autoridades européias.

 

AI – Que análise a senhora faz da evolução dos programas de certificação de alimentação animal nas últimas décadas? Os alimentos estão mais seguros hoje?

 

Peiró – Bom, eu acho que os programas de certificação são aliados à legislação. Eu diria que pelo menos no caso da Europa, foi uma evolução conjunta. Hoje há um esforço coletivo da iniciativa privada de certificação e dos governantes europeus. Certamente os alimentos estão mais seguros hoje.

 

AI – Em sua opinião, porque mesmo diante da evolução dos programas de certificação da indústria mundial de nutrição animal, casos de contaminação, como por exemplo os por Melamina na China e dioxina na Irlanda registrados no ano passado, continuam acontecendo?

 

Peiró – São casos muito particulares. É verdade que dentro do que está legislado e contemplado, as crises alimentares têm diminuído muito, sobretudo no campo da ração animal. O caso da Irlanda, que envolveu os produtos cárneos, vai refletir na legislação do país, deixando-a mais rígida. Além disso, criminalidade e intencionalidade são fatores que sempre estarão presentes. O risco zero, por mais que tenhamos leis e por mais que tenhamos controle, não existe.

 

AI: Como a senhora avalia o atual estágio da indústria brasileira de alimentação animal no que se refere a segurança alimentar?

 

Peiró –  Minha experiência é muito positiva em relação as empresas que já se certificaram. São 12 companhias em conformidade com níveis europeus. Minha vinda ao Brasil também serve de aprendizado. Lógico que discutimos pontos que são distintos, mas nos princípios gerais temos níveis de segurança equivalentes. O Brasil está numa situação confiável.