Redação (27/02/2009)- Sala hospital ou baia hospital, muitas vezes também é chamada de UTI, Unidade de Tratamento Intensivo e como o próprio nome diz, é um local de tratamento intensivo para recuperação de animais acometidos que são potenciais excretores de agentes patogênicos, facilitando a disseminação da doença entre os companheiros de baia. Apesar de parecer óbvio muitas vezes a campo nos deparamos com granja que simplesmente segregam os animais, mas não se empenham no tratamento deste e consequentemente não obtém o resultado esperado: recuperação do máximo possível de animais.
A sala hospital não deve ser vista como um local de "depósito de animais doentes", onde os suínos são alojados apenas para serem descartados ou sacrificados e sim como local apropriado para recuperação de animais doentes. Experiências práticas indicam uma taxa de recuperação que pode chegar até 80%, com significativo retorno econômico para o produtor.
O local apropriado é separado dos outros animais, com menor densidade e ambiente mais confortável. Nas baias para leitões de creche fornecer espaço de 1,5m²/animal, nas baias para suínos de crescimento-terminação 1,2m²/animal. Para os animais mais jovens é importante também fornecer fonte de calor para bom conforto térmico se for o caso.
A Capacidade deve ser calculada considerando o tamanho do rebanho (vara) e prevendo um percentual de possíveis animais a ser tratados, geralmente se utiliza um percentual de 5% do total de animais, para que não falte instalação e espaço. Considerando um rebanho de 500 matrizes de ciclo completo a instalação deve permitir o alojamento de 50 suínos em um mês.
Como este local destina-se a animais possivelmente adoentados, questões de biosseguridade devem ser atendidas como o uso exclusivo de materiais de limpeza (pás e vassoura), seringas e agulhas para medicações, cachimbo para conter os suínos e mesmo acesso restrito de funcionários (só aqueles treinados e designados para a lida com estes animais).
A Caixa d”água deve ser exclusiva para esta sala pois assim podemos utilizar medicação via água ou mesmo suplementação via água (eletrólitos, vitaminas, etc). Cada baia deve dispor de bebedouro e comedouro de fácil acesso pelos suínos, ou seja, minimizar a competição, pois os leitões já estão estressados e fracos. A hidratação é fundamental na recuperação de suínos doentes.
A ração a ser fornecida deve ser de fácil digestibilidade e alto valor nutricional (geralmente se utiliza de uma fase anterior) e preferencialmente ração medicada. Sugere-se que os animais sejam arraçoados duas vezes ao dia em pequenas quantidades para estimular o consumo e sempre após retirar as sobras.
Um ponto extremamente importante é manter um sistema de registro das entradas, mortalidade & descarte, saída de animais recuperados e ainda das medicações realizadas. Isto servirá para avaliarmos a real eficácia dos procedimentos adotados para recuperação dos animais e mesmo avaliar o acometimento da granja por patologias como a Síndrome da Circovirose Suína.
Como se trata de um local de tratamento intensivo, devemos realizar o tratamento dos animais orientado por Veterinário, ou seja o uso de antimicrobianos de largo espectro, sendo o ideal escolher o medicamento com base nos resultados anteriores ou histórico de antibiograma da granja. Atualmente dispomos de antibióticos de longa ação (ex.: Draxxin, Kinetomax, etc) que são bastante úteis no manejo das baias hospital ou UTI, são medicamentos que podem ser aplicados uma vez a cada 5 a 7 dias, o que coincide com a avaliação semanal dos animais para verificar se houve ou não a recuperação do animal e seu destino.
Claro que o tempo de recuperação depende do problema patológico, do estado em que o animal se encontra e, principalmente, do cuidado e tratamento individualizado. Mas em média uma semana é um bom período para avaliar e decidir se:
a- animal recuperou e pode voltar ao fluxo de produção normal da granja
b- animal recuperou parcialmente e necessita de mais uma semana sob tratamento intensivo
c- animal não apresentou melhora e será melhor sacrificá-lo (sacrifício humanitário) por questões técnicas, comerciais e de bem estar e destinados para um sistema de compostagem de carcaças.
Após a saída dos animais é importante fazer a correta desinfecção. O ideal é termos manejo de todos-dentro,todos-fora (all-in, all-out) também neste setor. Isto é importante para reduzir a contaminação local e reduzir as chances de disseminação do problema para outras instalações da granja. Em algumas situações se recomenda realizar a aspersão de desinfetante na sala (nebulização com aparelho costal ou nebulizadores automáticos ou atomizadores) 2 a 3 vezes por semana. Isto visa diminuir os aerossóis produzidos pela tosse e espirros dos animais e minimizar a contaminação do ambiente e disseminação de doenças.