A Embrapa Agroindústria Tropical ampliou em até cinco vezes sua capacidade de realizar análise de nanoestruturas graças à instalação e atualização de um microscópio eletrônico de transmissão (MET), da Zeiss. O equipamento, agora plenamente funcional, faz com que a pesquisa realizada na Unidade atinja um novo patamar, tornando os pesquisadores capazes de visualizar estruturas da magnitude de um coronavírus, por exemplo.
Celli Muniz, analista da Embrapa Agroindústria Tropical e especialista em microscopia eletrônica, destaca a importância do feito: “O microscópio eletrônico de transmissão é uma ferramenta poderosa de potente ampliação de amostras, permitindo o estudo detalhado de sistemas ou unidades individualizadas biológicas ou não biológicas. Micrografias obtidas no MET são dados científicos de grande impacto, igualando a pesquisa que se utiliza dela ao mesmo nível do que é produzido em centros de pesquisa de excelência ao redor do mundo”.
O MET amplia a capacidade de visualização de espécimes, pois os aumentos e resoluções são muito maiores do que as proporcionadas pela microscopia eletrônica de varredura (MEV), recurso utilizado até então. “Esses aumentos de 85 a 100 mil vezes permitem a visualização de nanoestruturas (nanocristais, nanofibras, nanocelulose etc.) ou materiais nanoestruturados e ainda, de microrganismos como bactérias e vírus em amostras líquidas ou internos em outros organismos”, explica Celli Muniz.
Por enquanto, o microscópio está sendo utilizado apenas para atender as demandas internas da empresa. No futuro, o MET estará disponível para compartilhamento com as demais unidades descentralizadas da Embrapa e instituições de ensino e pesquisa. Para tanto, a Unidade deverá elaborar um plano de trabalho visando à implementação de mais recursos humanos e logísticos.
Desafio tecnológico
Para obter esse resultado, a Embrapa Agroindústria Tropical teve de superar um desafio tecnológico e financeiro para fazer com que o microscópio eletrônico de transmissão entrasse em pleno funcionamento. Um exemplo das dificuldades enfrentadas: o MET, em sua configuração original, possuía um sistema de fotografia analógico, ou seja, era programado para funcionar apenas com câmera e filmes fotográficos.
Os recursos para a atualização digital foram possíveis a partir da aprovação de um edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lançado em 2018, com o objetivo específico de manutenção de equipamentos. O valor de um microscópio novo gira em torno de três a quatro milhões de reais. No entanto, os recursos somados da Finep e da Embrapa, à época, não chegavam a R$ 65 mil.
Celli Muniz, relembra o esforço feito pela empresa para colocar o microscópio em funcionamento. “A empresa contratada para o reparo fez inúmeros consertos e trocas, renovando mangueiras e anéis de vedação (o-rings), entre outros. O equipamento voltou a funcionar com isso. Porém, devido ao valor limitado do projeto, não conseguimos instalar a câmera digital de captura das imagens, essencial para registrarmos as imagens obtidas”, comenta.
A aquisição da peça faltante ocorreu no fim do ano passado, quando o serviço de instalação da câmera foi aprovado pela chefia da Unidade, finalizando o processo de reativação do MET e tornando-o mais moderno e totalmente funcional.