Depois de anunciar a paralisação de abates de bois em 7 frigoríficos de Mato Grosso do Sul, a JBS estuda repetir a alegação de cenário de “insegurança jurídica”, para abandonar projeto de R$ 500 milhões em Campo Grande, cuja obra está adiantada. A possível decisão é o contra-ataque do grupo no “cabo de guerra” que tem, na outra ponta, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS).
O empreendimento, que prevê criação de 600 empregos diretos, corresponde a dois projetos do grupo, denominados Orygina e JBS Feed Solutions. Trata-se de complexo farmacêutico que reúne 12 empresas.
Com metade da obra concluída, em uma área de 280 mil m² na saída para Sidrolândia, o empreendimento seria entregue no primeiro semestre de 2018. Como os projetos são de alta tecnologia, iriam empregar mão de obra qualificada. Dos 600 empregos previstos, 480 seriam para profissionais com nível superior.
A plataforma iria produzir princípios ativos farmacêuticos a partir de subprodutos derivados da cadeia de proteína animal. Conforme a empresa, os subprodutos – sangue, ossos, pulmão, vísceras, plasma, feto, etc. – representam 2,8 milhões de toneladas por ano da produção nacional da empresa. O volume de subprodutos é significativo, porque representa parcela acentuada da produção da indústria de proteína animal, segundo informa a JBS. Dos bovinos abatidos, 38% correspondem a subprodutos; das aves, são 35%; e dos suínos, 25%.
De acordo com a JBS, Mato Grosso do Sul foi escolhido por ter participação de cerca de 40% da produção nacional da empresa. Agora, como resposta ao bloqueio de R$ 730 milhões, determinado pela Justiça na semana passada, o grupo deve transferir o negócio a outro estado, ainda não informado. A alegação é que a decisão judicial causa insegurança jurídica.
Os 15 mil funcionários dos frigoríficos no Estado vão receber seus “salários normalmente até que a Companhia tenha uma definição sobre o tema”, conforme nota divulgada pela empresa. A paralisação é por tempo indeterminado.