O aumento do transporte e venda ilegal de carnes bovina, bubalina e suína no Amapá, segundo o Ministério Público Estadual (MP), motivou uma audiência pública nesta sexta-feira (07/10) com órgãos estaduais, federais e municipais de fiscalização agropecuária. As entidades defendem parcerias para expandir a área de abrangência das barreiras sanitárias fixas e móveis.
Entre as situações mais preocupantes, segundo os órgãos, está a venda de carne de porco em portos, açougues e feiras na capital, e, principalmente, no interior do estado. A Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária (Diagro) aponta que a carne suína tem alto risco de contaminação quando não retirada em matadouro autorizado. Apesar do risco, não existe proibição sobre o abate do animal para o consumo próprio.
Para a Diagro, a fiscalização precisa ser aumentada em função da grande entrada dos animais por meio dos rios. Segundo o coordenador de defesa agropecuária, Wanderson Miranda, os porcos são abatidos na beira do rio e armazenados de forma irregular para serem vendidos em Macapá.
“De forma efetiva, vamos controlar o trânsito e evitar que esses animais entrem no estado. Vamos coibir esse trânsito irregular, e, nas feiras, a vigilância tem que realizar esse controle. A Diagro tem 43 veterinários, mas precisamos de mais para o interior do estado. Mesmo assim vamos evitar isso, temos condições de evitar”, acredita Miranda.
O Ministério da Agricultura reforça que além da ilegalidade no abate, a falta de fiscalização é motivada pelo lucro financeiro, pois os vendedores não se adequam às regras de abate e conservação da carne. O auditor fiscal do Ministério no Amapá Renato da Rocha Portal acredita que a construção de um abatedouro seria uma forma de combater a prática.
Reunir os órgãos de combate é uma forma de definir estratégias e competências para as atuações, defende o MP-AP. Para o promotor de Justiça da Saúde André Araújo, o consumo dessa carne é fator causador e agravador de doenças, além de aumentar a fraude no processamento dos produtos.
“São vários fatores, a população que não é esclarecida sobre o que deve ou não deve ser consumido, o produtor que não tem interesse de se regularizar para seguir as normas sanitárias e a cultura da região de fazer o abate de forma clandestina nos quintais. Tudo isso contribui para o quadro que vivemos”, completou Araújo.