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Economia

Frigoríficos esperam margens melhores

Frigoríficos com ações negociadas em bolsa esperam margens mais elevadas em 2013.

Frigoríficos esperam margens melhores

As empresas brasileiras de carnes compartilharam, no último ano, de um problema comum: a pressão sobre as margens. Mas as razões para a pressão foram diferentes. A alta dos grãos no mercado internacional em 2012 foi o calcanhar de aquiles de empresas que atuam em aves e suínos, que tiveram de repassar ao menos parte da alta de custos aos preços. Mas as dificuldades de integrar novas operações e reabertura de unidades, para algumas empresas, também afetaram desempenhos.

No que depender dos grãos, o cenário deve melhorar para os custos este ano, já que após a forte seca nos EUA, em 2012, parte dos estoques de milho (principal insumo da ração de aves e suínos) devem ser recompostos no ciclo atual, estimam analistas e companhias. Já colher resultados de integrações e novas unidades é uma tarefa que as empresas terão de continuar a enfrentar este ano.
 
A Marfrig Alimentos é o exemplo de companhia que foi afetada pelos dois problemas. Sua divisão Seara Foods foi prejudicada pelo processo de integração dos ativos adquiridos da BRF, conforme explicou a empresa na divulgação de seus resultados de 2012. Além disso, a alta dos grãos também pesou. Com isso, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da divisão caiu 55,1% no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2011, para R$ 141,8 milhões. A margem Ebitda caiu de 8,9% para apenas 3,1%.

Considerando a Marfrig como um todo, o resultado líquido foi um prejuízo de R$ 284,2 milhões no quarto trimestre, o que a empresa atribui sobretudo às dificuldades na integração dos ativos que eram da BRF. Segundo a empresa, esses ativos aumentaram a necessidade de capital de giro da Marfrig em cerca de R$ 350 milhões sem uma resposta esperada em faturamento, já que as fábricas adquiridas da BRF ainda trabalham com capacidade ociosa.

Diante desse quadro, o Ebitda da Marfrig caiu para R$ 405,9 milhões no quarto trimestre de 2012, um recuo de 22,1% sobre o mesmo intervalo um ano antes. Já a margem Ebitda também teve forte queda. Foi de 6,0% no último trimestre do ano passado ante 9,4% um ano antes.

No caso da JBS, o desempenho, de forma geral, foi melhor no último trimestre de 2012 do que em igual intervalo de 2011. Mas a performance do último trimestre foi mais fraca que nos intervalos anteriores. As margens Ebitda da divisão Mercosul, por exemplo, caíram de 14,5% no terceiro trimestre de 2012 para 12,6% no quarto. O Ebitda da divisão foi de R$ 664 milhões no período, 63,1% acima de igual intervalo de 2011. Segundo a empresa, a margem da operação caiu de um trimestre para outro em decorrência da reabertura de unidades de abate de bovinos no Brasil no ano que passou, o que significa custo adicional.

Já a divisão USA Frango, onde está a mais importante operação de aves da JBS, teve Ebitda de US$ 67,4 milhões no quarto trimestre, quase 200% mais do que em igual período de 2011, mas 36,2% menor que no trimestre anterior. A margem Ebitda do segmento, onde os grãos são matéria-prima fundamental, foi de 3,1% no quarto trimestre e de 5,1% no trimestre anterior.

A divisão USA Carne Bovina também teve suas margens achatadas no último trimestre de 2012. Nesse caso, a perda ainda refletiu a baixa oferta de gado bovino nos EUA, cenário oposto ao do Brasil, onde o ciclo da pecuária é de alta. O Ebitda da unidade foi de US$ 103 milhões nos últimos três meses de 2012, uma queda de 53,8% em relação a igual trimestre de 2011. Já a margem Ebtida desabou, saindo de 5% no quarto trimestre de 2011 para 2,1% no último trimestre do ano passado.

A operação da JBS como um todo registrou um Ebitda de R$ 1,170 bilhão no último trimestre, ganho de 24,5% na comparação com o quarto trimestre de 2011. Já a margem Ebitda caiu na mesma comparação. Foi de 5,6% no último trimestre de 2011 e de 5,4% no quarto trimestre do ano passado, depois de ter alcançado 7,1% no terceiro trimestre.

Ainda que seu desempenho no último trimestre de 2012 tenha sido favorável, a alta dos custos de produção por conta da elevação dos preços dos grãos afetou o ano da BRF, a empresa resultante da união entre Perdigão e Sadia. A cessão de ativos e a suspensão de marcas, por conta do acordo com o Cade para aprovar a fusão, também impactou os resultados em 2012, admitiu a companhia.

O lucro líquido no último trimestre de 2012 foi de R$ 563 milhões, um aumento de 365% sobre igual período do ano fiscal. No ano, contudo, o lucro líquido caiu 41%, para R$ 813 milhões. Já o Ebitda da empresa cresceu 16% no último trimestre de 2012 na comparação com igual período do ano anterior, para R$ 850 milhões. Mas em todo o ano, o indicador caiu 19% sobre 2011, para R$ 2,348 bilhões. A margem Ebitda no trimestre foi de 10,4% (ante 10,3% do mesmo trimestre do ano anterior). No ano, contudo, teve queda de 3 pontos percentuais, para 8,2%.

Mas a desvalorização cambial também influenciou resultados no segmento. A Minerva Foods, a terceira maior em carne bovina do Brasil, registrou perda de R$ 199 milhões em 2012, ante lucro de R$ 41 milhões em 2011. Segundo a empresa, a desvalorização cambial no ano passado teve impacto de R$ 245 milhões no balanço. No último trimestre de 2012, houve prejuízo líquido de R$ 21,8 milhões, ante lucro de R$ 15 milhões no último trimestre de 2011, por conta da reversão de um crédito de Imposto de Renda.

Já o Ebitda no quarto trimestre ficou em R$ 145,1 milhões, 18,8% mais do que no último trimestre de 2011. A margem Ebitda da Minerva no quarto trimestre foi de 12% – havia sido de 11,2% no mesmo intervalo do ano anterior.