Partindo do princípio que títulos não significam a mesma coisa em diferentes organizações, a figura do “Gerente da Fábrica”, neste artigo, é identificada como a pessoa que é diretamente responsável por todo o processo de produção dos alimentos até a expedição.
As funções do Gerente da Fábrica acontecem exatamente no ponto onde os planos da empresa se convertem em ação. O fracasso ou o sucesso desses planos depende da energia e habilidade com que ele aplica os recursos humanos, financeiros, matérias-primas e equipamentos na tarefa de produzir os produtos e serviços fornecidos pela companhia.
A medida que a economia cresce , aumenta ainda mais a necessidade desses recursos serem bem utilizados. De forma geral, o gerenciamento corporativo enfrenta atualmente situações de compressão da margem de lucro, e isso requer um trabalho de estrito cumprimento do orçamento, que tem que ser permanentemente combinado com a tarefa de redução de custos.
Novos processos de fabricação requerem equipamentos mais complicados e controles mais apurados sobre a Garantia da Qualidade.
A comunidade, o Ministério da Agricultura e demais órgãos regulatórios em todos os níveis, esperam que a fábrica reduza a emissão de pó, ruídos e mantenha a qualidade dos seus efluentes em níveis que a cada dia estão mais rigorosos. Boas Práticas de Fabricação passaram do status de “desejável” para “Obrigatório”. Adicionalmente a papelada, relatórios, auditorias e controles parecem se multiplicar em ritmo muito rápido.
O propósito desse artigo é auxiliar o Gerente da Fábrica é colocar em lista e priorizar esses conjunto de responsabilidades e deveres , de modo que se faça fácil compreender o relacionamento entre eles, e especificar as ferramentas gerenciais que ele irá necessitar para lidar com tudo isso.
Adicionalmente , precisamos também abordar as responsabilidades básicas do Gerente da Fábrica e o seu relacionamento com os demais departamentos da empresa.
A função da produção
O trabalho da produção pode ser simplesmente definido como “Fazer produtos de qualidade , no tempo requerido, com o menor custo possível – com segurança e bom relacionamento com os funcionários”
Do Gerente da fábrica se espera que transmita as áreas competentes o conhecimento e as informações adquiridas na sua operação, as quais possam ajudar no desenvolvimento de novos produtos e processos, além de resguardar a empresa contra a obsolescência de equipamentos e métodos.
Espera-se ainda que o Gerente da Fábrica seja prudente e eficiente na aplicação dos recursos financeiros que lhe são confiados, e que use sabiamente o dinheiro na aquisição de equipamentos que economizam mão de obra, sejam confiáveis, de manutenção barata e pouco frequente e que além disso ofereçam flexibilidade de futuras ampliações.
Manter bom relacionamento com os empregados não é mais considerada uma simples atividade “paralela” ou secundária do Gerente. Deve incluir, além dos empregados, um bom relacionamento com toda a comunidade onde a fábrica está situada, incluindo vizinhos, autoridades civis, a comunidade profissional e dos negócios, grupos minoritários, além daqueles relacionados ao meio ambiente.
Não importa o tamanho da fábrica e nem a natureza do contexto onde ela se encaixa: Espera-se que o Gerente da Fábrica produza resultados em seis áreas básicas:
Produção, Qualidade, Custos, Segurança, Manutenção e Relação com os empregados.
Outra responsabilidade do Gerente da Fábrica é determinar com precisão qual é a real capacidade de produção da fábrica. Isso é fundamental para que a empresa possa tomar decisões corretas quanto a sua estratégia de mercado.
Ao fazer isso, deve levar em conta perdas de tempo que ocorrem naturalmente durante o processo, tempos para manutenção preventiva e limpeza, etc.
Parece obvio dizer isso, mas é muito comum acontecer casos em que as fábricas trabalham acima da sua capacidade real, e por conta disso o processo de obsolescência é terrivelmente acelerado. É bom lembrar que a decisão de trabalhar sem fazer manutenção preventiva adequada pertence à diretoria da empresa, e não deve ser tomada pelo Gerente da Fabrica.
A ele cabe comunicar adequadamente e com a frequência necessária a Diretoria que o processo de trabalhar em regime de “over capacity” pode causar muito custo no futuro.
Qualidade
Ao Gerente da Fábrica cabe estabelecer um programa que envolva e comprometa todo o pessoal da produção no seguimento dos standards de processo, sem “atalhos” ou desvios pessoais.
Instilar o respeito pela Qualidade Total impõe um severa carga nas habilidades de liderança do Gerente da Fábrica e é uma tarefa de tempo integral.
Custos
Produzir ao menor custo possível é o mais óbvio elemento da responsabilidade do Gerente da Fábrica no que se refere ao custo.
Na verdade o Gerente da Fábrica só terá sucesso nessa tarefa se criar na sua Equipe um forte senso de custos e consciência de valores.
Finalmente, o Gerente da Fábrica precisa participar da elaboração do programa de investimentos de capital da empresa.
Ele precisa recomendar novas fábricas ou equipamentos para expandir a produção , reduzir custos, incrementar a qualidade e melhorar serviços, atender exigências dos órgãos reguladores governamentais , e mesmo propor a substituição de equipamentos obsoletos.
Segurança no trabalho
Do ponto de vista meramente humanitário, o Gerente da Fábrica deve fazer tudo o que for necessário para prevenir danos físicos ou morte de seus funcionários.
Porém, o simples “ sentimento humanitário” não é suficiente- Devem existir programas de treinamentos adequados, equipamentos que minimizem riscos, equipamentos de proteção individuais etc. Tudo isso deve constar de um programa de investimentos anual , devidamente apresentado e aprovado pela diretoria da Empresa
A chamada ‘ Manutenção da Casa” também é responsabilidade do Gerente da Fábrica.
É impossível manter a Qualidade e a Segurança em ambientes cheios de vazamentos de pó, derrames, e pilhas de lixo e material inservível pelos cantos.
A moral e a eficiência da força de trabalho é ruim quando a fábrica não é limpa de modo permanente.
Dar esporadicamente aquele “trato geral” na fábrica não é uma “Boa Prática”.
Relações com empregados
Não é tarefa do Gerente da Fábrica manter todo mundo contente – isso é impossível, mas é sua tarefa colocar o relacionamento com empregados em uma base alinhada com os objetivos da empresa.
Há pelo menos 4 áreas de resultados (três delas mensuráveis) através das quais podemos julgar a performance do Gerente da Fábrica no quesito “ Relações com Empregados”:
1- A operação da fábrica não é interrompida por eventos resultante do mal relacionamento com empregados.
2- A atmosfera que reina na fábrica não é de descaso , e sim um senso coletivo de propósito- isso é subjetivo, mas facilmente perceptível para quem conhece um pouco de fábrica.
3- Quando o relacionamento empresa / empregados é colocado em cheque por conflitos como por exemplo greves , a voz do Gerente da Fábrica faz- se ouvir de modo respeitoso e é levada em consideração.
4- Empresas com bom relacionamento com seus funcionários normalmente apresentam baixo índice de faltas, atrasos e rotação de empregados ( turn-over)
A ciência do gerenciamento
Após ler essa lista de responsabilidades e sabendo que ainda há muito mais, o Gerente da Fábrica pode facilmente deduzir que “Gerenciar é fazer coisas através de pessoas” – fazendo uso em alto grau da moral e do comprometimento com aquilo que é correto.
Planejar, organizar e controlar são as atividades essenciais para isso.
O Gerente da Fábrica determina o “tom” do clima de trabalho na fábrica através do exemplo de quanta energia ele aplica em seu próprio trabalho, na determinação que tem em alcançar os seus objetivos , e na demonstração da sua habilidade de planejar , organizar e controlar eventos. Se exigir alta performance dos seus subordinado , tem que estabelecer para si próprio standards de performance ainda mais elevados.
A frase “Faça o que eu digo e não o que eu faço” não é o lema de um Gerente bem sucedido!!
Poderíamos abordar ainda um pouco mais o tema “Técnicas de Liderança” – mas vamos deixar para o próximo artigo.
Sucesso!
Fernando Raizer é sócio-Diretor da Raizer Consultoria e Treinamentos Ltda, empresa estabelecida há 10 anos em Campinas (SP)
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