O estudo “Perspectivas para o Agronegócio Brasileiro” em 2010, do Rabobank, prevê um ano melhor para as cadeias produtivas de carnes e confirma projeções divulgadas pelas principais associações de frigoríficos nas últimas semanas de 2009. E, como no caso de entidades como Abiec (carne bovina), Abef (frango) e Abipecs (suínos), a maior preocupação é o câmbio – que, no patamar atual, tende a limitar ganhos e, com isso, limitar a recuperação em relação a um 2009 que só não foi mais fraco graças ao mercado interno firme.
“O setor de carnes inicia 2010 com bastante força”, afirma Guilherme Bellotti de Melo, analista do Rabobank. Além do cenário ser mais positivo para os mercados, avalia, o aprofundamento do processo de consolidação fortaleceu os grandes frigoríficos. Em 2009, recuperações judiciais e grandes aquisições e incorporações deram o tom, em um movimento que deverá ter continuidades em 2010, conforme Melo.
“A diversificação de proteínas também podem permitir margens maiores aos frigoríficos”, diz, em referência aos investimentos de tradicionais frigoríficos de carne bovina ou de frango e suínos em outras cadeias, inclusive a leiteira. “Particularmente em bovinos, a agregação de valor é mais limitada. A diversificação abre novas possibilidades”, diz.
O estudo do Rabobank prevê preços melhores para a carne bovina nos mercados externo e doméstico. Mas projeta aumentos moderados, uma vez que “os consumidores ainda estarão muito sensíveis a qualquer sinal de que o crescimento da economia não será sustentável”. Boa notícia para os frigoríficos, apesar da ressalva. Em contrapartida, se esse aumento de preços não for significativo, os pecuaristas terão um ano pior que 2009, uma vez que a fase é de recomposição de rebanhos e, portanto, de elevação da oferta. Nesse contexto, os confinamentos podem se dar bem.
É parecido o horizonte para os preços da carne de frango, e, da mesma forma a força do mercado doméstico é destacada como fator de sustentação das margens dos frigoríficos. Para os criadores, o banco realça a expectativa de que os custos de rações e animais vivos sigam estáveis e, com isso, as margens mantenham-se firmes. O estudo pontua que, “por ser um produto de menor valor em comparação às outras carnes, os impactos [da crise mundial] foram menores que em outros mercados”.
Para a carne suína, o cenário traçado aponta para recuperação de preços e margens para os criadores, em virtude de projeções de aumento da demanda nos mercados interno e externo. De qualquer forma, o câmbio é sempre um obstáculo, ainda que tenha sido fundamental para a baixa inflação dos alimentos no país em 2009.