A Imcopa, maior processadora de soja não transgênica do País, planeja comprar 2 milhões de toneladas de grão tradicional em 2011, metade no Paraná e metade em Mato Grosso, onde participa do Programa Soja Livre, criado por empresas que vão estimular o desenvolvimento de novas variedades tradicionais.
Desse total, a empresa vai processar 1,6 milhão de toneladas e exportar 400 mil toneladas em grãos. O volume é 29% superior ao do exercício atual, no qual ela comprou 1,55 milhão de toneladas e processou 1,35 milhão.
Depois de sofrer um revés em 2008 com a crise econômica e acumular dívida da ordem de US$ 500 milhões, a Imcopa pretende sair do vermelho em 2010 e faz planos para retornar em 2012 aos mesmos volumes de 2008.
Enquanto arruma a casa, a Imcopa analisa opções de crescimento. Em 2008, a empresa tinha fábricas arrendadas e, para voltar ao tamanho anterior, precisa decidir se vai investir em ampliação da estrutura ou se arrendará unidades de processamento de soja. A decisão deve ser tomada até maio. Na recuperação extrajudicial com bancos, fechada no fim do ano passado, há limitação para investimentos. A primeira parcela da negociação, de US$ 50 milhões, terá de ser paga no fim de 2011, após carência de dois anos. O acordo prevê o pagamento de 30% em cinco anos e os outros 70% serão renegociados.
“O ano de 2009 foi de muito prejuízo, mas estamos nos reerguendo”, afirma o diretor de operações, José Enrique Traver, sobre o ano em que o processamento de soja caiu para menos da metade e chegou a 850 mil toneladas. Para 2010, a meta é chegar à receita de US$ 800 milhões e, em 2011, voltar a encostar no US$ 1 bilhão de três anos atrás.
A empresa, que chegou a buscar sócios, fez parceria com a Cervejaria Petrópolis para a compra e fornecimento de soja, o que aliviou o caixa. Desde o começo do ano, a Petrópolis compra toda a soja usada pela Imcopa, que tem sede em Araucária (PR). O modelo deve ser repetido em 2011, segundo Traver.
A Imcopa também estuda ampliar a capacidade de produção de lecitina de soja, em conjunto com parceiros. De acordo com o executivo, com melhora no sistema de extração é possível ampliar a porcentagem de 1% para perto de 1,5% do total de soja processado pela empresa. Ou seja, em vez de 16 mil toneladas esperadas para 2011, poderiam ser 23 mil toneladas. O produto tem alto valor agregado e é usado pela indústria de alimentos.
Sobre a necessidade de investir em soja não transgênica, Traver diz que defende o direito do consumidor. “Queremos garantir que o consumidor final possa decidir se deseja ou não consumir o produto transgênico”. Ele defende o estímulo à continuidade da produção de semente convencional porque existe uma distorção na legislação que regula o mercado de sementes.
“As convencionais são enquadradas na legislação de novas cultivares, enquanto as transgênicas são enquadradas na Lei de Propriedade Intelectual, que permite a obtenção de patentes e cobrança de royalties por dez anos”, comenta. “Cerca de 90% das novas variedades de semente de soja introduzidas no mercado a cada ano são transgênicas, o que ameaça a continuidade da convencional.”