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Economia

EUA pressionam para obter corte maior de tarifas industriais dos emergentes

Objetivo é retomada da Rodada Doha de liberalização comercial.

Os Estados Unidos querem renegociar a proteção de vários setores industriais nas economias emergentes para reduzir mais as tarifas de importação, numa retomada da Rodada Doha de liberalização comercial.

No caso do Brasil, a reabertura seletiva do pacote até agora negociado, mas sem consenso, visa principalmente três setores: químicos, florestal e autopeças. Washington estima que a abertura desses setores no Brasil é insuficiente para que os exportadores americanos aceitem um acordo global, e que precisa melhorar.

Essa é a constatação após três dias de visita do novo representante comercial chefe dos EUA, Ron Kirk, a Genebra, onde se encontrou com mais da metade dos embaixadores dos 153 paises membros da OMC, sobrando duas mensagens.

Primeiro, a administração de Barack Obama não fechou a estratégia para se engajar novamente na negociação global. Kirk, como bom politico, acabou adaptando suas observações diante da resistência dos parceiros, mas insistindo que é preciso outra maneira de barganhar para concluir a Rodada Doha. Mas sua ideia de mudança do método de negociação global, saltando etapas para ir diretamente à negociação bilateral dos cortes de tarifas agrícolas e industriais, teve apoio zero.

A mensagem politica foi mais clara: se os parceiros querem os Estados Unidos de volta à mesa de negociação, devem fazer mais concessões e não esperar mais contrapartida. A cobrança visa sobretudo Brasil, China, Índia e África do Sul, os grandes mercados de interesse dos exportadores americanos.

O argumento de Washington é de que esses emergentes devem liderar novas concessões, se querem concluir um acordo. Afinal, querem integrar o diretório econômico do planeta, o G-8, mas na OMC insistem no status de nação em desenvolvimento. Para os americanos, se esses emergentes se moverem, as outras nações em desenvolvimento, com mercados menores, também abrem mais suas economias.

Os emergentes dizem que já chegaram ao limite de suas concessões. De seu lado, Washington insiste que que se comprometeu com muita abertura de seu mercado. Conclusão: a pressão vai continuar sobre certos setores industriais no Brasil que já achavam estar protegidos de maior concorrência externa.

Mas o embaixador do Brasil junto à OMC, Roberto Azevedo, foi incisivo, notando que os países não estão dispostos a uma reabertura seletiva do pacote que está na mesa de negociação e nem a alterar o método multilateral da Rodada Doha.

Haverá agora uma série de encontros entre os principais ministros, à margem de diferentes conferências ministeriais. A OMC espera ter uma visão mais completa no fim de julho sobre uma retomada da negociação global.