Os produtores rurais reduziram o consumo de insumos básicos na nova safra (2009/10) de grãos, fibras e cereais, cujo plantio começou em setembro. As vendas de fertilizantes, agrotóxicos e calcário registraram um significativo recuo em 2009.
Maior produtor de grãos do país, o Estado de Mato Grosso reduziu em 13% a demanda por fertilizantes nesta safra. A exemplo dos maiores consumidores nacionais do insumo, os produtores do Estado têm optado pela “racionalidade” no uso de fertilizantes após a crise de restrição de crédito e de rentabilidade negativa vivida nos últimos dois anos.
“Os produtores descobriram, no meio da crise de 2007, que podiam substituir o padrão de 500 quilos de adubo por hectare por um modelo de uso mais eficiente de 250 ou 300 quilos por hectare”, observa o superintendente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), Seneri Paludo.
“Muitos viram que dá para ter mais eficiência e evoluir para tecnologias de precisão”. Mato Grosso tem o maior consumo do insumo no país. Até setembro, demandou 2,88 milhões de toneladas de fertilizantes – em 2008, tinha consumido 3,31 milhões de toneladas em igual período.
Os demais Estados também reduziram de forma significativa a demanda pelo insumo. A indústria registrou forte recuo no Paraná (12,3%), São Paulo (16,7%), Minas Gerais (6,1%), Goiás (18,9%), Bahia (14%), Mato Grosso do Sul (13,6%), Santa Catarina (7,9%) e Maranhão (20%). Em nove meses, foram vendidas 16,17 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil, uma redução de 11,3% na comparação com as 18,23 milhões de toneladas em igual período do ano passado. Neste ano, o consumo deve ficar “bem abaixo” das 21,68 milhões de toneladas registrados em 2007.
A utilização de calcário, um corretivo da acidez dos solos que ajuda a ampliar a produção e a produtividade, também patina no país. A indústria do setor informou ontem à Câmara Temática de Insumos do Ministério da Agricultura uma estimativa de redução de 29,3% nas vendas de calcário em 2009 – de 24,8 milhões para 19,2 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, a redução chegaria a 18,3% neste ano. Na projeção para 2010, estima-se uma recuperação para 23,9 milhões de toneladas.
O consumo de defensivos no país cresceu 0,7% nos primeiros nove meses de 2009. A indústria informou ontem que as vendas aumentaram de R$ 8,35 bilhões para R$ 8,41 bilhões na comparação com igual intervalo de 2008. As vendas de fungicidas subiu 18%, mas os segmentos de acaricidas (8%) e herbicidas (8,5%) registraram recuo significativo até setembro deste ano. A retração no consumo de herbicidas, responsável por 42% das vendas totais, foi causada pelo menor uso nas lavouras de milho, cana-de-açúcar, soja, algodão e feijão.