Mato Grosso poderá perder o título de maior produtor brasileiro de grãos para o Paraná na atual temporada agrícola. Depois de conquistar a liderança na oferta de alimentos, Mato Grosso, como revela o primeiro levantamento do ciclo 09/10, divulgado nessa quarta-feira (7) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deverá contabilizar recuo de até 4,2% sobre a produção.
Das quatro principais culturas produzidas no Estado, algodão, arroz, milho e soja, somente a soja e o arroz apresentam crescimento, em percentuais de 1,8% e 1,5%, respectivamente.
Na análise da Companhia, o Estado que totalizou colheita de 28,25 milhões de toneladas na safra 08/09, chegará nesta temporada a no máximo 27,45 milhões t, o que na comparação entre os ciclos projeta a queda de até 4,2%. Já o Paraná que registrou sérios problemas climáticos na safra passada, colheu 25,09 milhões t e para a safra 09/10 tem estimativas de crescimento entre 15,8% e 18,2%, com a produção atingindo 29,66 milhões t. Se a recuperação se confirmar, o Paraná retoma sua posição de destaque no cenário nacional.
O primeiro levantamento da Conab estima que Mato Grosso ampliará a área total de cultivo, mas terá perdas de produtividade. A área estadual passará de 8,42 milhões de hectares (ha) cultivados no ciclo 08/09, para até 8,57 milhões ha, o que revela um incremento de área de 1,9%. Sobre a produtividade, a média geral do levantamento aponta para perdas de rendimento por hectare cultivado de 4,4%, percentual que vai impactar diretamente no resultado final, a produção.
A soja, mais uma vez, deverá segurar a balança comercial do agronegócio mato-grossense. O levantamento estima área plantada entre 5,91 milhões ha e 6 milhões, contra 5,828 milhões ha na safra passada, crescimento de 1,5% a 3%. A produção deverá passar de 17,962 milhões t para volumes entre 17,96 a 18,17 milhões t, crescimento que poderá, numa interpretação mais pessimista recuar em 0,3%, ou na análise otimista, expandir 1,2%.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milhos do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira, apesar dos preços deprimidos da soja, o crescimento da área a ser cultivada com a oleaginosa é justificado pelos baixos preços do milho, principal produto concorrente, e pela boa liquidez da soja no mercado.
Mato Grosso lidera o ranking da produção nacional, seguido do Paraná (com previsão de 12,8 milhões t a 13 milhões t) e do Rio Grande do Sul, onde a pesquisa indica uma produção entre 8,20 milhões t e 8,3 milhões t.
Imea – Os números da Conab estimados para expansão da área cultivada e produção de soja em Mato Grosso estão em linha com o que foi divulgado na semana passada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que também prevê produção 1,2% acima do registrado na temporada passada. Com relação à área, o Imea divulgou estimativas de incremento de 2,9%.
Os dados do Imea revela ainda que a maior concentração da sojicultura estadual ficará na região médio norte que responderá por 40,9% da área total, ou, pouco mais de 2,33 milhões ha, seguida da região sudeste com 23,5% do total.
Milho- O milho 1ª e 2ª safras tem estimativa de recuo de 11,7% na produção. Segundo a Conab, a produção deverá cair de 8,081 milhões de t para 7,135 milhões de t, embora a área plantada deva ser mantida em 1,640 milhões de hectares. Na produção do grão 2ª safra, a safrinha, Mato Grosso manterá a liderança nacional, contudo, a produção será 13,2% inferior às mais de 7,55 milhões t do ciclo 08/09, para contabilizar 6,55 milhões de t, ou, 1 milhão de toneladas a menos.
Por mais um ciclo seguido, o algodão revela a maior queda de produção. Pelos números da Conab, a cotonicultura estadual permanecerá líder no Brasil, porém, a pluma terá perda de cerca de 17% da área cultivada que passará de 387,4 mil hectares (ha) – conforme o registrado na safra passada – para uma projeção mais pessimista de até 321,5 mil ha. Neste ritmo de redução, a produção de pluma que totalizou 599,1 mil toneladas (t) na safra 08/09, deverá atingir entre 492,8 mil t e 558,2 mil t, queda que variará entre 17,7% a 6,8%.
Leilão- A Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) está defendendo a realização de mais três leilões para zerar o estoque de milho no Estado, estimado em cerca de 2 milhões de toneladas. “Queremos que o governo federal faça também as adequações necessárias para garantir o cumprimento do pagamento do preço mínimo ao produtor (R$ 13,20)”, afirma o diretor administrativo da entidade, Carlos Fávaro. Ele informou que na próxima semana a Conab deverá realizar mais um leilão de milho, num total de 800 mil toneladas, sendo 590 mil toneladas só de Mato Grosso. “Estamos buscando recursos para garantirmos a realização do terceiro leilão”, disse.