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Além de soja, exportamos cérebros

Tecnologias em fungicidas colocam o Brasil em posição de destaque. Nosso agronegócio não se limita a exportar commodities.

Além de soja, exportamos cérebros

O agrônomo paulista Cláudio de Oliveira era coordenador de desenvolvimento de produtos na subsidiária brasileira da Basf no ano 2000 quando se deparou com uma situação digna de fábula infantil. Meses após o lançamento de um fungicida (produto usado no combate a fungos), Oliveira começou a receber relatos de agricultores de todo o País. Eles diziam que, além do controle de parasitas, o produto estaria gerando vegetais mais verdes, maiores e mais produtivos. O fenômeno deixou os pesquisadores eufóricos. Sob coordenação de Oliveira, a Basf brasileira iniciou uma investigação dos supostos efeitos extraordinários do fungicida, envolvendo pesquisadores de uma dezena de universidades. Seis anos após os primeiros relatos, os produtos do selo AgCelence – criado com o resultado das pesquisas lideradas por Oliveira – tinham potencial de venda avaliado em 500 milhões de euros anuais. Dos Estados Unidos à Itália, o conceito passou a ser adotado em filiais da Basf pelo mundo. No final de 2007, o sucesso da descoberta levou à transferência de Oliveira para a matriz da multinacional, na Alemanha. Num laboratório situado em Limburgerhof, ao sul de Frankfurt, ele hoje coordena a equipe global de desenvolvimento de fungicidas. “Fui chamado para reproduzir aqui a experiência que desenvolvemos no Brasil”, diz.

Casos como o dele mostram que o agronegócio brasileiro não se limita a exportar commodities como soja e açúcar. Os cérebros também conquistam espaço lá fora. “Nossas competências estão avançando muito em termos globais”, afirma Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Um bom indicador é o número de brasileiros que trabalham em multinacionais do setor espalhados pelo mundo. Na Basf, há 29 expatriados do Brasil. Nas unidades da americana Monsanto, há 16. No grupo suíço Syngenta, são 14. Na também americana John Deere, 12. A ideia de que estadas no exterior são apenas etapas de qualificação na carreira ficou para trás. “Hoje, os brasileiros são transferidos não apenas para aprender, mas especialmente para ensinar”, afirma Ricardo Miranda, diretor da Monsanto do Brasil.