Três painéis de levantamento dos custos de produção do Projeto Campo Futuro foram realizados nesta semana, de forma virtual, em Santa Catarina. Desenvolvido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), a iniciativa contou com a parceria do Sistema FAESC/SENAR-SC e Sindicatos Rurais. A proposta é calcular os custos de produção nas propriedades e disponibilizar informações para os produtores sobre o mercado. Outros sete painéis estão programados para julho e agosto em seis municípios.
Os dois primeiros painéis da semana discutiram as culturas de soja, milho e trigo em Xanxerê (dia 15) e Campos Novos (dia 16). Na quinta-feira (17), o evento, realizado em Tubarão, focou no custo de produção de arroz. Os encontros contaram com a participação de lideranças, técnicos e produtores rurais dos municípios envolvidos.
Na abertura de cada encontro, o presidente da Faesc José Zeferino Pedrozo, o vice-presidente Enori Barbieri e os presidentes dos Sindicatos Rurais dos três municípios destacaram a importância da iniciativa para que os produtores minimizem riscos e assegurem rentabilidade, tendo como base um estudo local.
Pedrozo reforçou que o Campo Futuro traz informações valiosas sobre custos de produção. Reconheceu a importante parceria entre a CNA e o CEPEA que oferecem condições para que o setor conheça os dados e valorizou o papel dos técnicos que vão até os produtores fazer um trabalho de grande representatividade. “É uma iniciativa que permite a geração de informação para a administração de custos, riscos de preços e gerenciamento da produção. Com isso, o produtor tem subsídios para tomar as melhores decisões”, observou.
CAMPOS NOVOS
O assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Fábio Carneiro, destacou que em Campos Novos, as lavouras no geral tiveram um bom resultado na safra 2020/2021. No milho 1ª safra, a expectativa era colher de 180 a 200 sacas por hectare, mas o resultado médio ficou em 110 sacas. Os danos da cigarrinha do milho e um período de estiagem no desenvolvimento vegetativo reduziu o potencial produtivo das lavouras”, explicou.
De acordo com a análise das culturas, os produtores do município devem aumentar a área plantada de milho 1ª safra na próxima safra. “A perspectiva é ter bom resultado, mas o controle da cigarrinha ainda preocupa e afeta na decisão de plantio”, ressaltou Carneiro.
O levantamento identificou ainda que os custos com insumos para a soja subiram quase 15% e que a praga tripes (Thysanoptera) tem sido registrada no campo com mais frequência pelos produtores da região. Já nas culturas de inverno, trigo e aveia apresentaram bons resultados e conseguiram pagar o custo total.
XANXERÊ
Em Xanxerê, região mais afetada pela cigarrinha em 2021, a perspectiva é a redução em até 20% da área plantada do milho na próxima safra. “Os produtores apontaram que estão selecionando o material que será plantado na próxima safra, com foco em resistência à cigarrinha, deixando de lado a produtividade. Isso pode afetar de certa forma a produção para o próximo ano na região”, afirmou o coordenador do Campo Futuro, Thiago Rodrigues.
O painel mostrou também que o uso do seguro rural é pouco efetivo, uma parcela reduzida de produtores fez uso dessa ferramenta, apenas aqueles que possuíam parte da safra financiada por instituições que trabalham com crédito oficial. Tal situação, por exemplo, limita o produtor a utilizar os benefícios do Proagro, avalia Rodrigues.
Em relação aos custos, para soja o levantamento apontou que 57% do Custo Operacional Efetivo (COE) foram referentes ao desembolso com insumos, e desse desembolso, o gasto com fertilizante ocupou 38%. A produtividade média da soja foi de 58 sacas por hectare.
O milho fechou o COE com um desembolso maior com insumos, 62% desse custo e o destaque também foi o gasto com fertilizantes. A expectativa dos produtores no início da safra era colher acima de 200 sacas por hectare, mas o resultado obtido foi de 130.
“Nas outras culturas analisadas o destaque foi para o feijão. O levantamento apontou uma produtividade de 22 sacas por hectare, somada a um preço favorável, trouxe bons resultados financeiros para o produtor. Já para o trigo, apenas as despesas de desembolso foram cobertas, apesar de a produtividade ter sido boa, com 55 sacas por hectare”, ressaltou Rodrigues.