A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou hoje (06/10) a liberação da importação de três variedades de milho transgênico dos Estados Unidos. A medida atende a um dos pleitos da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) defendido na audiência pública ocorrida na última terça-feira (04/10), na Câmara dos Deputados em Brasília, e será um importante aporte para que os suinocultores consigam reduzir seus custos de produção. A liberação do milho era uma das medidas mais aguardadas pelo setor.
Segundo o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, essa é uma decisão importante para que os produtores possam ter uma maior oferta no mercado interno e consigam regularizar o preço desse grão. “O milho é um dos insumos mais importantes para a suinocultura uma vez que responde por 50% da produção de suínos. Sabemos que o produtor vem amargando prejuízos desde janeiro, principalmente pelo alto custo do grão, e agora esperamos que com essa medida o produtor possa sair do prejuízo e começar a estruturar sua produção para entrar em 2017 mais animado e almejando voltar a ter lucratividade na atividade”.
Desde o primeiro semestre deste ano, quando o país deu início a uma exportação recorde de milho – provocada pela desvalorização do real frente ao dólar – houve uma forte redução da oferta do grão no mercado interno e disparada dos preços, prejudicando a cadeia produtiva de suínas, que tem no milho uma das suas principais fontes de alimentação. Por outro lado, a forte seca ocorrida no Centro Oeste, que ocasionou a quebra na produção brasileira e mais de 13 milhões de toneladas, corroborou para que o preço do milho se mantivesse em um patamar incompatível com a sustentabilidade da produção de suínos no país.
Diante disso, a ABCS junto a outras instituições ligadas ao setor iniciaram um forte movimento na busca por soluções que possam auxiliar os produtores a superar uma das maiores crises já registradas no setor, com prejuízos que já chegam à casa dos R$ 2,4 bilhões. Entre os pleitos defendidos pela entidade estão a suspensão dos vencimentos dos custeios e investimentos pecuários para suínos; a abertura de linha de crédito emergencial para recomposição do capital de giro; a recomposição dos estoques públicos de grãos; a aprovação do projeto de lei Nº 5449/2016, que prevê a subvenção econômica a produtores; a inclusão de uma linha de crédito específica para retenção de matrizes no Plano Agrícola Pecuário; e a disponibilidade de linhas de crédito para modernização da atividade.
Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) e conselheiro e de relações com o mercado da ABCS, Valdecir Folador, a liberação do milho dos Estados Unidos traz um fôlego para o mercado de suínos brasileiro. “Com certeza essa medida deixa nossa suinocultura com uma alimentação mais competitiva e quem sabe, a médio e longo prazo, consigamos cobrir o custo de produção. Espero que através desse movimento possamos sensibilizar os órgãos que tem poder e competência para atuar nas nossas demandas e que outras reivindicações também sejam atendidas a fim de minimizar o efeito dessa crise e mantermos nossa atividade economicamente viável”.
A decisão será publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias, no qual constará todas as informações referentes ao processo de liberação do milho transgênico dos Estados Unidos.
Audiência Pública
Na última terça-feira, na Câmara dos Deputados, a suinocultura gaúcha esteve representada pelo presidente da ACSURS, Valdecir Luis Folador, pelo vice-presidente Mauro Gobbi e pelo coordenador do Conselho Técnico, Flauri Migliavacca. “Junto da ABCS e da Frente Parlamentar da Suinocultura, as entidades estaduais estão trabalhando com todo o esforço para que o Governo dê uma resposta ao suinocultor, para que sejam atendidas as necessidades que se apresentam com o atual cenário”, informa.