O Relatório Anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), sobre a situação econômica de seus países-membros, saiu em novembro e projeta para o Brasil uma tímida expansão do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos anos: 0,5% em 2017, 1,5% em 2018 e 2% em 2019. Não chega a ser novidade, pois o governo brasileiro já vinha acenando com uma redução nas expectativas de crescimento e passou a falar em 1% para 2017. O horizonte, enfim, é de uma recuperação bem gradual, passo a passo, contando com o ajuste fiscal e as reformas econômicas. Otimismo, só se a agenda das reformas ganhar velocidade, acelerando a recuperação.
Os dados do FMI recomendam atenção: projetam para o Brasil um déficit primário de 2,7% do PIB este ano e de 2,3% em 2017, com o país só retornando a um superávit primário em 2020. Ou seja, a tendência é permanecer uma política monetária apertada, até a volta das contas nacionais ao positivo. Enquanto isso, o agro vai bem: rota ascendente na média dos últimos anos, balança comercial a favor, previsão de safra recorde e avanços estruturais começando a andar. Os riscos, talvez, fiquem com a incerteza política do país, a desaceleração chinesa ou os efeitos de uma eventual onda protecionista, com Trump. Mas no geral o setor mostra ser uma ilha sustentável de sucesso na economia brasileira, até onde se pode ver.
Como então devem se comportar os gestores do agro, em meio a um ambiente macro econômico debilitado e tentando a recuperação? Que atitudes competitivas pode o agronegócio enfatizar, diante dessas duas faces da moeda chamada Brasil? Que olhar estratégico privilegiar? Investir em inovação ou ampliação, para sair alavancado da crise, mais competitivo que o padrão do seu setor ou de competidores específicos? Gerar mais eficiência na estrutura atual, aliviando a travessia com vantagens comparativas? “Colocar na banguela” e aproveitar a inércia, pensando só em proteger-se?
Buscar a maior eficiência dos recursos claro que é importante em qualquer situação, mais ainda com incerteza macroeconômica. Prova disso, aliás, está no próprio agro, onde vemos setores se consolidando cada vez mais pela substituição dos ineficientes, do que pela chegada de novos empreendedores. Mas o mundo hoje é outro. Os ciclos de inovação estão cada vez mais curtos e perde-los significa, em geral, perder competitividade. Nosso agro é referência mundial em avanço tecnológico e manter essa posição requer atitude voltada à inovação. Dar passos à frente. Estar na dianteira em investimentos, tecnologias e capacitação das equipes.
No campo, no dia a dia da produção, isso tem a ver com aprimorar a gestão dos custos, vendo onde é possível cortar sem comprometer resultados de médio e longo prazo. Também focar na melhoria daqueles processos que impactam, diretamente, uns 70% do resultado final. E, se houver fluxo de caixa positivo, lembrar que agora pode ser a hora de investir, pois o reflexo deve ocorrer um ano depois ou mais, quando a expectativa é de uma macroeconomia mais favorável. O importante é ter uma visão clara do negócio, saber adaptá-lo e saber quando ousar. Até mesmo em tempos incertos.