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Mercado Interno

Alimentos no mercado

Até final de abril, 80% da safra de grãos serão colhidos. Aumento da oferta de alimentos no mercado deve ter impacto no bolso do consumidor.

Alimentos no mercado

Os agricultores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul, que iniciaram a colheita da safra de verão em janeiro, esperam obter cerca de 119 milhões de toneladas de grãos até o fim de abril. Esse valor representa 80% das 149,4 milhões de toneladas previstas para o ciclo agrícola 2010/2011. Esses números incluem a colheita de milho, arroz e soja, que está começando, e a do feijão primeira safra, em fase final.

A entrada da safra de verão no mercado terá como resultado a desaceleração dos preços dos alimentos e dos índices de inflação. “Em função da importância e do peso que esses produtos têm no cálculo dos índices de inflação, acredito que o início da colheita poderá ter impacto no bolso do consumidor”, afirma Carlos Bestétti, gerente de levantamento e acompanhamento de safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

“Grãos como arroz, feijão, milho, soja e trigo têm tido comportamento normal, considerados os períodos de safra e entressafra”, analisa Besttéti. O arroz e o trigo tiveram valores de mercado abaixo do preço mínimo fixado pelo governo federal. Já o feijão apresenta variações conforme a sazonalidade.

Na maior parte da sua comercialização, os preços do milho ficaram próximos do mínimo, o que permitiu aos produtores de suínos e aves a aquisição de volumes suficientes para suas atividades anuais. A soja teve flutuação maior, tanto em relação à baixa ocorrida durante a safra, como à alta na entressafra, considerada normal.

Produção – A primeira safra de feijão já foi colhida em Mato Grosso do Sul. Em Goiás, esse volume chegou a 70%; em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a 60% e, em Mato Grosso, a 45% do total plantado.

A colheita de arroz no Rio Grande do Sul está no início. Em Mato Grosso do Sul, atingiu 30% da lavoura. Já o milho apresenta resultados iniciais no Rio Grande do Sul (15%), em Mato Grosso do Sul (2,5%) e no Paraná (1,5%). Em Goiás, 8% da soja já foi colhida e, em Mato Grosso, perto de 3%. Em São Paulo (2,5%), no Paraná (1,6%) e em Mato Grosso do Sul (1%), o trabalho está começando.

No mapa da agricultura brasileira, o Paraná lidera com 21,6% da produção, seguido de Mato Grosso (19,3%) e do Rio Grande do Sul (16,9%). Os três estados juntos garantem mais da metade do que o país produz.

Clima – O fenômeno La Niña pode continuar por mais três meses, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “O fenômeno climático continua influenciando tanto no desenvolvimento vegetativo, de forma positiva, como na colheita, negativamente”, explica Carlos Bestétti, gerente da Conab. “No momento, a cultura mais prejudicada é o feijão primeira safra, que se encontra em plena colheita. A consequência imediata é a perda de qualidade do produto”.

Essa influência pode ser melhor observada na redução de precipitações no sul e oeste do Rio Grande do Sul, desde outubro passado até a primeira quinzena de janeiro. Também determinou, no início do período de chuvas, a redução das precipitações na região Centro-Oeste, situação normalizada após a segunda quinzena de outubro. Nos próximos dez dias, o instituto prevê chuva na região Sul, especialmente no Paraná, e no Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o Inmet, a formação do La Niña favorece a ocorrência de mais chuvas no semi-árido nordestino. Essas condições diminuem o risco da seca e beneficiam a agricultura.

Estoque mundial – O gerente da Conab explica que a procura por alimentos brasileiros deve aumentar. “Com a diminuição da oferta de determinados produtos, os países tradicionalmente importadores buscam novas fontes para suprir o consumo”, afirma Carlos Bestétti. “Com isso, outros países, não tradicionais, podem ser beneficiados pela oportunidade de exportar excedentes com dificuldade de mercado em épocas normais. No caso do Brasil, a exportação de produtos como o milho, o arroz e o trigo poderá ser ampliada”.

O coordenador de Oleaginosas e Fibras do Ministério da Agricultura, Sávio Pereira, cita o exemplo dos Estados Unidos. Na safra 2010/11, o país deixou os estoques finais de soja e milho em níveis muito baixos. Esta redução impulsionou a volatilidade dos seus preços nos mercados mundiais. Por conta de exemplos como esse, Pereira acredita que a ideia de desabastecimento ou crise na oferta de alimentos não é real.

Entenda melhor – La Niña (“a menina” em espanhol) é um fenômeno oceânico-atmosférico que ocorre nas águas do Oceano Pacífico. A principal característica desse fenômeno é o resfriamento (em média de 2º. a 3°C), fora do normal, das águas superficiais do oceano Pacífico. O La Niña não ocorre todos os anos e da mesma forma. Sua frequência é de dois a sete anos, com duração aproximada de nove a 12 meses (há casos em que pode durar até dois anos). O fenômeno afeta o comportamento climático no continente americano e em outras regiões do planeta.

Efeitos do La Niña no clima:

Entre os meses de dezembro a fevereiro:
– Aumento das chuvas na região nordeste do Brasil
– Temperaturas abaixo do normal para o verão na região sudeste do Brasil
– Aumento do frio na costa oeste dos Estados Unidos
– Aumento da chuva na costa leste da Ásia
– Aumento do frio no Japão

Entre os meses de junho a agosto:
– Inverno seco na região sul e sudeste do Brasil
– Aumento do frio na costa oeste da América do Sul
– Frio e chuva na região do Caribe (América Central)
– Aumento da temperatura média na região leste da Austrália
– Aumento da temperatura e chuva na região leste da Ásia