O consumidor do Rio Grande do Sul está sentindo no bolso a recuperação do preço da carne suína, pois nesse mês o produto aumentou entre 3% e 11%, dependendo do corte. Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, essa elevação nos valores ocorre devido à valorização do suíno e o preço ainda deve subir de 10% a 13% nas próximas semanas.
Essa recuperação ainda está aquém do custo de produção, que gira em torno de R$ 2,50 o quilo do animal vivo. A elevação no preço é reflexo da redução de oferta e do aumento na demanda, normal nessa época do ano, apesar do embargo russo a 85 frigoríficos brasileiros, entre os quais 35 do Rio Grande do Sul, em vigor desde 15 de junho.
Para o produtor, o valor está na média dos R$ 2 o quilo – chegou a custar R$ 1,78 na primeira semana de julho. Em junho, houve aumento de 45% nas exportações do Rio Grande do Sul em relação a maio. Esse grande volume é resultado de uma aceleração nos embarques para a própria Rússia, que anunciou o embargo no final de maio, Estados Unidos e Ásia, cujo objetivo foi reduzir ao máximo o número de animais voltados ao mercado interno.
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, afirma que o aumento no preço é normal, pois o valor havia caído muito entre o final de maio e o início de julho, ficando na casa dos R$ 1,75 devido ao embargo russo. Folador admite que os produtores aceleraram o abate para aumentar o número de exportações antes da proibição.
“Com isso, a oferta ficou restrita, houve maior demanda, e a consequência é o aumento no preço do quilo da carne”, explica Folador, que projeta cenário positivo e valor de R$ 3 o quilo até o final do ano.
Custo de produção deve subir ainda mais
Segundo o analista de mercado da Safras & Mercados, Felipe Netto, é normal a alta de preços até agosto e no último trimestre do ano, devido ao aumento na procura. Netto também relaciona a recuperação de preços das carnes bovina e de frango à leve alta da suína. Mesmo assim, o analista avisa que o custo de produção ainda deve ter elevação de 8% a 10% devido à provável redução na safrinha do milho no Paraná por causa da geada das últimas semanas.
“O custo pode chegar ao patamar de R$ 2,70 e a elevação do preço deve ser gradativa e alcançar os R$ 2,30 até o final de agosto”, projeta Netto.
O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado, Rogério Kerber, informa que o preço médio pago pelas agroindústrias em junho foi de R$ 2,11 o quilo.