Plantar milho será um bom negócio em 2011. Isso porque está prevista uma redução dos estoques mundiais e os preços provavelmente serão remuneradores, garantindo rentabilidade ao produtor. Mas grande parte dos produtores em Mato Grosso pode não se aproveitar desse momento devido à redução prevista na área do milho, motivada pelo fenômeno La Niña, que atrasou as chuvas no início da primavera e retardou o plantio da soja. Com isso, a janela de plantio do milho safrinha, no começo do próximo ano, ficou curta e poucos produtores vão colher os dividendos dos bons preços ocasionados pela redução dos estoques.
De acordo com o último relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), a queda na safra mundial de milho passará de 7 milhões de toneladas no ciclo 10/11, quando a produção deverá chegar a 819,6 milhões de toneladas.
A redução será provocada principalmente pela queda da produção brasileira e americana. No relatório do mês de setembro, a estimativa indicava produção de 334,2 milhões de toneladas na safra americana e, agora, não deverá passar de 321,6 milhões. Para o Brasil, o Usda prevê uma queda maior: cinco milhões de toneladas. A produção deverá encolher de 56 milhões de toneladas, na safra 09/10, para 51 milhões de toneladas, no próximo ciclo. Já o consumo mundial deverá ser de 835,36 milhões de toneladas.
“Seria muito bom se pudéssemos plantar uma grande safra, pois certamente teremos mercado com preços compatíveis no próximo ano”, afirma o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Fávaro. O problema, segundo ele, é que o plantio de soja está atrasado e, com isso, muitos produtores não terão tempo de plantar o milho safrinha, a partir de janeiro, dificultando a recomposição dos estoques mundiais.
“Para o Brasil, seria uma oportunidade fantástica por causa dos preços. Acredito que o milho será um grande negócio para o próximo ano em função da queda da produção mundial. Mas, infelizmente, poucos vão poder usufruir desse bom momento do milho em 2011”, avalia Fávaro.
Segundo ele, ainda é cedo para fazer uma projeção sobre a redução da área plantada de milho no próximo ano. “Estamos no final da janela para plantio da soja e, se chover bem agora, os produtores vão colocar as plantadeiras para funcionar dia e noite. Só após o fim deste trabalho é que teremos noção de qual será a área plantada do milho em 2011. Mas podemos afirmar com segurança que já temos uma redução da área de soja entre 200 mil e 300 mil hectares em função deste atraso”.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) lembra que, com as possíveis quedas na produção e aumento no consumo, a relação estoque/consumo caiu para o segundo menor valor das últimas três décadas, 15,9%, ficando atrás apenas da safra 06/07, com 15,2%, fato que afeta não só o cultivo do milho, mas também o da soja que disputam diretamente a área. “A relação que mensura a viabilidade econômica do plantio entre as duas culturas está muito próxima de US$ 2,00/bushell, o que favorece o plantio de milho”, avaliam os analistas.
Preços – Ainda de acordo com o Imea, desde o início dos trabalhos de colheita, em junho de 2010, os preços vêm sofrendo fortes oscilações. Após bater a menor média em julho R$ 9,15/saca o valor pago em Campo Verde sofreu uma expressiva valorização, trabalhando na casa de R$ 14,53/saca em outubro.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) aponta que somente no mês de setembro de 2010 Mato Grosso exportou 988 mil toneladas de milho, o maior volume da história para o mês. De junho a setembro deste ano as exportações já acumulam 2,06 milhões de toneladas, o que corresponde a 24% do volume produzido pelo Estado.