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Comentário

É preciso conter o esvaziamento - Por Joel Naegele

Pequenos municípios sofrem com transferência de repartições públicas. Estes locais podem auxiliar na execução de reivindicações do setor agropecuário.

Já faz tempo que nossos pequenos municípios vêm sofrendo, de maneira acintosa e covarde, um processo de esvaziamento, com a transferência de repartições públicas [locais que podem auxiliar na execução de reivindicações do setor agropecuário] – e não importa qual esfera de atuação, seja do governo federal ou estadual.

Ao longo de muitos anos, viemos perdendo espaços, substância e força. Isso porque as autoridades entendem que, para garantir e badalar seu prestígio, os órgãos dominantes precisam fixar bases em cidades maiores.

Mas, na realidade, o que mais preocupa é a falta de uma diretriz para impedir que se subtraia dos municípios menores a possibilidade de ter, em suas sedes, repartições importantes.  É preciso evitar que as pessoas, quando necessitam se dirigir a quem possui poder de decisão, tenham de se locomover, muitas vezes gastando o que não podem, para a satisfação do ego do tecnocrata de plantão.

O presente comentário tem a ver com a notícia de que a Junta do Trabalho de Cordeiro (RJ), que, em sua titularidade, conta com a figura marcante e competente do juiz Derly Mauro Cavalcante da Silva, deverá ser fechada, e seus serviços transferidos para Nova Friburgo – cidade que, pouco a pouco, vai nos tirando essas repartições e levando-as para seus domínios.

Claro que não estou querendo dizer que as autoridades municipais daquela bela e importante cidade queiram nos prejudicar. Quem quer diminuir nosso “status” são os que detém o poder de abrir e fechar repartições.

Cordeiro e os municípios à sua volta devem se unir em defesa da permanência dessa repartição, tendo em vista os problemas que a cessação de suas atividades na região vai acarretar em matéria de dificuldades e prejuízos para os moradores. As Câmaras Municipais e os Prefeitos deveriam iniciar imediatamente um movimento político para evitar mais um dano que nos é imposto.

Alguns anos atrás, quando presidia a Associação Comercial de Cantagalo (RJ), soube através de um amigo que trabalhava no setor, que se pretendia transferir para Friburgo a Promotoria de Assuntos Difusos. Imediatamente, manifestei minha reação, em nome da entidade, encaminhando um e-mail ao presidente do Tribunal de Justiça do Estado, utilizando os argumentos com que iniciei esse artigo, ou seja, protestando contra o absurdo que se cometia com o interior. E a Promotoria se manteve.

De outra feita, o mesmo se deu com a diminuição da importância da repartição fiscal de Cantagalo, que também servia à região, e que de repente perdeu a condição de fazer autorizações para emissões de notas fiscais – o que iria obrigar os próprios empresários, ou seus contadores, a se deslocarem até Friburgo, arcando com os gastos e incômodos que tal fato acarreta, apenas para pegar uma assinatura. Também apresentei meus protestos, por e-mail, em nome da Associação Comercial, me dirigindo ao então Secretário estadual de Fazenda, Joaquim Levy, e imediatamente o problema foi solucionado.

Nós precisamos aprender a reagir. Não adianta esperar que o fato aconteça e se torne irreversível. A hora é agora.  

*Joel Naegele é Vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Conselheiro da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Membro da Câmara Setorial de Agro-negócio da Alerj e Diretor da Associação Comercial de Cantagalo