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Exportação

Terminal de grãos no Pará

Eraí Maggi fará terminal de grãos no porto de Santarém. Maior produtor de soja do mundo fechará, assim, ciclo produtivo.

Maior produtor individual de soja do mundo e dono da maior área plantada de algodão no Brasil, o megaprodutor Eraí Maggi Scheffer planeja fechar o ciclo produtivo ao investir R$ 50 milhões na construção de um terminal graneleiro no porto de Santarém (PA), na confluência dos rios Tapajós e Amazonas.

Em parceria com outras empresas, cuja identidade preserva por cláusulas de confidencialidade, o empresário busca fazer de seu grupo Bom Futuro uma referência na nova rota de escoamento de grãos do Centro-Oeste. O novo terminal, que começa a ser construído em 2011, terá capacidade para movimentar 3 milhões de toneladas de grãos por ano e 1,5 milhão de toneladas de cargas em contêineres.

Estimulado pelo avanço do asfaltamento da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém, o produtor de 358 mil hectares disputará a licitação da Companhia Docas do Pará (CDP) para arrendar uma área de quase 40 mil m², onde será erguido um novo terminal portuário. A Cargill já opera um controverso terminal privado para 1,2 milhão de toneladas de grãos por ano no porto de Santarém.

Nos planos de Eraí, cujo império espalha-se por 70 fazendas de 15 municípios de Mato Grosso, estão a construção de cinco silos com capacidade estática para armazenar até 150 mil toneladas de grãos. O volume seria suficiente para abastecer ao menos três navios tipo Panamax por mês. “É interessante ter um porto em Santarém. Me preocupa sair a BR-163 e não ter porto lá”, diz ele. “Isso vai ser fundamental”. O terminal exportará soja, algodão, milho e carne em contêineres. Eraí lembra que um terminal da Terfron, em Barcarena (PA), seria uma alternativa para os grãos.

A primeira fase do projeto de Santarém terá área de 23 mil m² e três silos com capacidade para 96 mil toneladas ao custo de R$ 30 milhões. Na segunda, R$ 20 milhões devem elevar mais 15 mil m² de área portuária para atingir armazenagem de 150 mil toneladas.

O edital do novo terminal deve ser aprovado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) até o fim do ano, informa a Administração do Porto de Santarém. Quem ganhar a licitação, terá que operar cargas de terceiras empresas. Multinacionais como ADM e Bunge têm interesse em participar, diz o administrador do porto, Celso Lima. “Deve haver disputa”. Ele afirma que, além da BR-163, a hidrovia do rio Madeira também demandará serviços em Santarém. “A BR-163 vai sair, mas a hidrovia do Madeira é quem abastecerá de forma mais volumosa o porto”.

Diante da nova oportunidade, a CDP investirá R$ 68 milhões na ampliação da plataforma de atracação, rampa fluvial, além das áreas de contêineres e carga geral do porto de Santarém. Com isso, serão movimentados até 6 milhões de toneladas de grãos ao ano, estima Lima. A Cargill, diz o administrador, também elevará sua operação de 1,2 milhão de toneladas para até 5 milhões de toneladas. “Eles vão triplicar a operação aqui”, diz.

Antes disso, uma decisão deve balizar os investimentos na região. No dia 14, uma audiência pública debaterá os estudos de impacto ambiental (EIA-Rima) do terminal graneleiro da Cargill. “A audiência será determinante para definir o volume de investimento privados nos portos do Pará”, diz Lima. A Cargill teve de realizar os estudos por determinação judicial. O Ministério Público Federal questionou a decisão da secretaria estadual sobre a dispensa do EIA-Rima. Na Justiça, o MPF reverteu a decisão. “A audiência não deve embargar o porto da Cargill”, diz Lima.