A Companhia Energética de São Paulo (Cesp), empresa vinculada à Secretaria Estadual de Energia e Mineração, lançou nesta segunda-feira (26/02), um projeto de pesquisa e desenvolvimento que prevê a implantação de uma planta de geração a biogás no campus da Unesp em Jaboticabal, a produção de um Atlas Estadual da Bioenergia e uma modelagem para a comercialização da energia gerada.
A empresa paulista investirá R$ 3,9 milhões no projeto, que tem a participação na produção das pesquisas a USP e a Unesp, além do apoio da Secretaria de Energia e Mineração.
“Estamos fazendo com que a universidade, com apoio da Cesp, leve a prática das diversas formas de uso das energias renováveis ao mercado. É preciso que se garanta energia para o futuro, por isso temos que trabalhar intensamente para incentivar novas fontes e essa parceria indicará caminhos a serem seguidos“, destacou o secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, João Carlos Meirelles.
Para dar respaldo ao estabelecimento de rotas tecnológicas no processo de cogeração integrada com biogás, será instalada na Faculdade de Ciências Agronômicas e Veterinárias da Unesp, em Jaboticabal, uma planta de geração a biogás com alimentação a partir de biodigestor anaeróbio. O campus foi escolhido por contar com dejetos animais e uma plantação de batata doce, que servirá como insumo experimental, além de vinhaça proveniente de plantas de cogeração de grande porte localizadas próximo à faculdade.
“A energia firme, fornecida pelas hidrelétricas, deverá ser cada vez menor. Por isso a importância de se criar novas possibilidades de geração por outras fontes”, afirmou Ricardo Toledo Silva, secretário-adjunto de Energia e Mineração do Estado de São Paulo.
O projeto de P&D da Cesp, que está registrado na Aneel, terá como um dos produtos o Atlas de Bioenergia do Estado de São Paulo. Serão produzidos mapas temáticos que apresentarão o potencial da biomassa e a respectiva capacidade de geração elétrica e a produção de biogás, de cada biomassa analisada (resíduos da agricultura, agroindústria, silvicultura, resíduos sólidos urbanos, dejetos animais e esgoto).
“Temos muita biomassa ainda não aproveitada para energia. Palha e bagaço de cana, florestal, resíduos sólidos e dejetos animais, que são enterrados ou não utilizados. Esse projeto é de extrema importância para o desenvolvimento de atividades que utilizem essas biomassas para cogeração”, disse Rubens Rizek, secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
São Paulo tem potência instalada de 5,7 gigawatts de biomassa de cana-de-açúcar. “Será fundamental identificar o potencial paulista em outras biomassas como resíduos sólidos, cavaco de madeira, vinhaça, entre outros. Isso dará um novo horizonte para o setor energético paulista”, destaca o subsecretário de Energias Renováveis, Antonio Celso de Abreu Junior.
Para o cálculo do potencial e sua representação nos mapas serão consideradas a infraestrutura disponível com rodovias, hidrovias, ferrovias, linhas de transmissão, redes de transporte e distribuição de gás canalizado. Farão parte do estudo as áreas protegidas e a situação da saturação das bacias aéreas, assim como a informação atualizada sobre a geração de energia elétrica das usinas sucroenergéticas ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
“O Atlas da Bioenergia irá identificar as possibilidades por região, por município e por diferentes tipos de biomassa”, afirmou a professora Suani Teixeira Coelho, coordenadora de Projeto da USP/IEE – Instituto de Energia e Meio Ambiente.
O professor José Goldemberg, presidente da Fapesp, afirmou que “esse trabalho é importante porque vai identificar onde estão as oportunidades de geração de energia a partir da biomassa e as estimativas de custo”, destacou.
A planta irá subsidiar as análises de cogeração integrada no setor sucroalcooleiro e de biogás proveniente de diversos bioenergéticos disponíveis em escala regional.
Atualmente, o Governo do Estado de São Paulo tem incentivado o uso energético da biomassa e do biogás como uma fonte estratégica para a independência energética e para o cumprimento da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC).