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Humus resiste à Bunge

A Húmus Agroterra não só resolveu não vender sua usina, de Guaraci (SP), para a Bunge como acertou a aquisição da Vertente e passa a deter 100% da empresa.

Após mais de um mês de negociações, a Humus Agroterra decidiu não vender sua participação na usina Vertente, de Guaraci (SP), para a Bunge. Pelo contrário. Controlada pela CLEEL Empreendimentos, a empresa acertou na sexta-feira a aquisição da fatia de 22% que faltava para assumir 100% da Vertente, conforme informou seu diretor-executivo, Hugo Canho. Segundo ele, os controladores – a família Marchesi, de Ribeirão Preto – preferiu manter os planos de expandir a usina, sobretudo com as boas perspectivas para açúcar e álcool. “O plano do grupo é investir R$ 100 milhões nos próximos cinco anos”, afirmou Canho.

A Vertente é uma das cinco usinas nas quais o Grupo Moema, que vendeu seus ativos para a Bunge, não tinha participação de 100%. Quando finalizou o negócio com a Moema, no fim de 2009, a Bunge anunciou que negociaria a compra de todas as participações que lhe faltavam. Em 12 de janeiro, a múlti chegou a um acordo para fechar os 100% em quatro usinas, inclusive na Itapagipe (MG), que tinha a rival americana Cargill como acionista, com 43,75%.

Antes de ser vendida para a Bunge, a Moema tinha 50% da usina Vertente. Ao longo das negociações, os acionistas da Humus exerceram o direito de preferência e trocaram os 30% que detinham na usina Guariroba (SP) – também em sociedade com a Moema – por uma fatia maior na Vertente. Foi depois dessa negociação, disse Canho, que a Humus passou a deter 78% da usina.

A família Marchesi, que controla a Humus, cultiva cana na região de Ribeirão Preto desde a década de 20. Hoje, tem 15 mil hectares plantados e colheita anual de 1,2 milhão de toneladas. “Construir a usina Vertente, que completa sete safras no próximo ciclo, foi um projeto antigo de verticalização do plantio. Agora que o investimento foi pago e que está havendo retorno financeiro, a família não quer vender”, disse Canho.

Com capacidade para moer 1,7 milhão de toneladas, a Vertente deverá ser ampliada para moer 2,3 milhões. Ao mesmo tempo, a capacidade de cogeração de energia deverá ser elevada de 3 megawatts-hora para 30. “A área de plantio de cana também sera ampliada”, afirmou Canho. Na safra 2009/10, a Vertente produziu 72 milhoes de litros de etanol (anidro e hidratado) e 117 mil toneladas de açucar.

Canho não informou o valor pago à multinacional pelos 22% da Vertente. Mas, segundo fontes do mercado, o preço foi o mesmo usado nos contratos das outras usinas – ou seja, US$ 100 por tonelada de capacidade de cana. A Bunge confirmou o negócio, e na sexta-feira informou que os acordos nas outras quatro usinas (Itapagipe, Guariroba, Frutal e Ouroeste) estavam praticamente fechados. Com isso, e mais a usina Moema, na qual o grupo Moema tinha 100%, a empresa com sede nos EUA passa a deter 89% dos 15,4 milhões de toneladas de capacidade das usinas que pertenciam ao grupo paulista.

Somando-se essa capacidade conjunta com as das três usinas que tem em operação e construção no país, a Bunge atingirá, entre 12 e 24 meses, o total de 31 milhões de toneladas de cana. O número considera a usina Santa Juliana (MG), cuja capacidade está sendo expandida para 4,2 milhões de toneladas, a Monte Verde (MS), em fase de ampliação para 4,4 milhões, e o projeto greenfield de Pedro Afonso (TO), que chegará a 4,4 milhões de toneladas.