O desejo de Dilma Rousseff de ter um representante do Nordeste entre seus ministros suplantou o movimento de indústrias, federações de agricultores familiares e assentados pela permanência de Guilherme Cassel à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O gaúcho de Santa Maria será substituído pelo baiano Afonso Bandeira Florence, deputado federal eleito pelo PT. Uma conversa entre Cassel e Dilma na segunda foi decisiva para sua saída. Considerado bom articulador entre os empresários, Cassel executou um dos mais abrangentes programas de investimentos nas propriedades familiares. Além de permitir a renovação da frota de tratores do país, o Mais Alimentos evitou o colapso nas fábricas em 2008. O presidente do Simers, Claudio Bier, ficou surpreso com a substituição. “A Bahia tem o maior número de pequenos agricultores e, até agora, não comprou tanto como o Sul.”
Apesar de admitir que um gaúcho como ministro encurta caminhos, o presidente da Fetag, Elton Weber, acredita que a troca não trará prejuízo, já que os problemas do setor, como renegociação de dívidas, preços e clima, são nacionais. De acordo com Weber, ele já procurou a Contag e marcou reunião, demonstrando disposição para o diálogo. A Fetraf deverá entregar a Florence nos primeiros meses do ano um documento com reivindicações. “Essa escolha passou por uma grande disputa política”, disse o coordenador adjunto da Fetraf, Roberto Balem.
Na opinião do superintendente do MDA/RS, Nilton Pinho de Bem, dentro do cenário que se desenhava, a composição foi a melhor. Ele acrescenta que Florence tem boa equipe e será capaz de executar políticas de largo espectro. Mestre em História Social, o ministro precisará transformar seu envolvimento em ações sociais e lutas antiescravagistas em experiência para lidar com as causas do campo.